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Professor: ser ou não ser?

por petrolitano publicado 20/10/2011 12h47, última modificação 20/10/2011 12h47
Jornal A Gazeta, 21/02/2001

A história da educação registra que poucos educadores conseguiram a devida valorização financeira (Quintilianus), social (Pestalozzi), ou o reconhecimento internacional (Paulo Freire). Entretanto, o magistério continua sendo um atrativo profissional para milhares de jovens, apesar das agruras da profissão docente, da falta de condições dignas de trabalho, da desvalorização profissional e social, ou falta de uma efetiva política de educação continuada, dentre outros queixumes da categoria.

Como explicar, então, tal contradição? Em recente pesquisa realizada no IELF (Instituto de Educação Lourenço Filho), principal agência estadual de formação docente em nível médio, o CEE/AC (Conselho stadual de Educação do Estado do Acre) detectou que a maioria dos formandos daquele Instituto escolhe o curso de Magistério "pela vontade e ser professor" (66%), embora reconhecendo que "não obtiveram uma boa orientação profissional" (55%). Os professorandos afirmaram ainda que se consideram "preparados para lecionar" (67%), mesmo denotando preocupação com a "qualidade de sua formação" (49%), cuja prática de estudo "utiliza como recurso básico as apostilas" (83%). Deste modo, sugerem que o curso "deve sofrer grandes modificações" (62%), para favorecer, principalmente, "um estágio mais integrado à realidade escolar" (60%).

De modo geral, os professorandos utilizam como elementos definidores de sua futura profissão, aqueles identificados com as representações sociais que se faz do magistério, como: o professor(a) deve gostar de criança; ser paciente, abnegado, devotado, e por aí afora.

Contraditoriamente, se poucos demonstram preocupação com a questão financeira (menos de 2%), muitos manifestam preocupação com a situação educacional do Estado do Acre (28%). Portanto, por estas e outras "explicações" é que o magistério continua sendo atrativo. Parece que trabalhar com gente ainda exerce um certo "fetiche" nas gerações jovens.

Compete aos vários níveis da esfera governamental formular e implementar políticas concretas de profissionalização e valorização do magistério, pois não fecunda uma proposta pedagógica ou uma reforma educacional séria, sem professores competentes e comprometidos com a educação, já que são eles os profissionais mais diretamente envolvidos com os processos e os resultados da aprendizagem escolar.

Entretanto, há que se ressaltar a importância da integração das ações a serem desenvolvidas pelo poder público, pelas agências formadoras, pelas escolas e pelos próprios profissionais da educação, rumo à construção de uma sociedade que tenha a transformação social como enfoque central.

Alvaro S. de Albuquerque Neto é doutor em Políticas Públicas em Educação pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e professor do Departamento de Educação da Universidade Federal do Acre (Ufac).