Você está aqui: Página Inicial > Notícias da UFAC > Ufac na Imprensa > Edições 2001 > Janeiro > Antes que a natureza morra
conteúdo

Antes que a natureza morra

por petrolitano publicado 18/10/2011 10h13, última modificação 18/10/2011 10h13
Jornal Página 20, 25.01.2001

* Raimundo F. de Souza

Segundo uma reportagem levada ao ar esta semana, o planeta terra corre perigo. A destruição da camada de ozônio, que vem acontecendo em ritmo acelerado, está permitindo que o sol aqueça a terra, as geleiras naturais derretam, o nível das águas do mar se elevem e as praias do litoral, que proporcionam a alegria dos turistas do norte em férias, em breve estejam inundadas. Se não bastasse a notícia sobre a epidemia da dengue, a novela em torno da construção da ETA II/Canal da Maternidade e sobre a CPMF, ainda vem mais essa. Nós merecemos!

Os aspectos mais interessantes, e também curiosos, mostrados na reportagem foram as medidas que serão tomadas pelos cientistas para evitar o caos. A primeira trata de um grande navio equipado com enormes canhões (já em funcionamento) que está detonando para o ar grande quantidade de partículas incandescentes, que servirão para criar uma camada protetora sobre a terra, onde os raios solares não conseguirão penetrar diretamente; a segunda é a criação de um grande satélite com uma gigantesca placa espelhada, que serviria para refletir os raios solares de volta para o espaço; e outra, não menos espetacular, seria a criação também de um satélite portando um sistema de vedação (tipo uma grande cobertura), posicionado entre o sol e a terra, criando uma sombra na terra, conforme definiu um dos cientistas, formando um tipo de guarda-chuva sobre a terra. Particularmente, achei as idéias supimpas e bastante viáveis, conforme se pode observar. Difícil mesmo é essa questão da CPMF, pois o resto facilmente os homens de ciência apresentam as soluções.

Excluindo essa fantasia hilariante tipicamente americana de apresentar solução para todos os problemas mundiais, resta uma preocupação muito séria que deve ser objeto de preocupação de qualquer cidadão em todos os recantos do planeta, que é exatamente o problema da destruição dos recursos naturais, que vem sendo praticada pelo homem dos primórdios aos dias atuais e constantemente e que a natureza vem respondendo em forma de catástrofes inesperadas.

Não são necessários estudos avançados nem pesquisas apuradas realizadas por cientistas renomados de países do Primeiro Mundo para demonstrar os problemas e nos conscientizar de que o lixo sintético leva centenas de anos para se decompor; que o desmatamento em nascentes e margens dos rios e igarapés causa o desaparecimento das águas; que o esgoto doméstico sem tratamento finda sendo carreado para as correntes de água doce e causa poluição, que além de tornar a água imprópria para uso humano ainda extermina todo tipo de vida aquática; que o desmatamento sem controle em florestas nativas causa alterações no solo, tipo acidez, aridez, erosões, desertificações, degradações, e ainda causa a extinção de espécies nativas insubstituíveis da flora e da fauna e que, os resíduos industriais, incluindo o lixo químico, metais pesados etc., são poluentes altamente perigosos e nocivos à natureza e ao homem.

Cada cidadão, portanto, deve despertar para essas questões, fazer sua parte e, o mais urgente possível, organizar-se para reivindicar junto às autoridades a implementação de políticas definitivas para o setor da preservação da natureza.

As ações que aparecem anexas aos programas de governos sobre proteção ao meio ambiente precisam ser executadas na prática - no Acre, por exemplo, estamos assistindo a esse embate entre o Estado e o município sobre quem deve ou não construir essa ou aquela obra e sobre o tratamento dos esgotos domésticos que correm a céu aberto no canal dos igarapés que cortam a cidade, sobre a despoluição do igarapé São Francisco e do próprio Rio Acre, que ações, que medidas, que debates, que projetos estão sendo elaborados para resolver essas questões...

Será que vamos aguardar a principal corrente de água doce transformar-se em uma fossa líquida, conforme aconteceu com o Tietê paulista, e depois solicitar a consultoria dos americanos para apresentarem um plano de salvamento espetacular?

* Bibliotecário da Ufac