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Jorge & Flaviano

por petrolitano publicado 18/10/2011 11h41, última modificação 18/10/2011 11h41
Jornal A Gazeta, 31.01.2001

* José Mastrângelo

Tendo aprendido a lição da política representada pela marca "sem medo e sem ódio" do Movimento Democrático Acreano – MDA, que ganhou as eleições de outubro/00 para prefeito de Rio Branco, Estado do Acre, o governador do Estado, Jorge Viana, PT, foi ao encontro de Flaviano Melo, PMDB, visitando-o em seu gabinete no dia 23 passado.

Esse gesto, aliás inusitado vindo do governador do Estado em se tratando de adversário político, que é o prefeito da capital, foi e será objeto de muitos pontos de interrogação tanto por parte da classe política como da população em geral.

Tem gente por aí que não acredita nesse gesto de "bondade" do governador, tão cruel foi o tratamento por ele dispensado aos políticos do grupo de Flaviano, que considera o encontro mais uma cena de teatro.

Compreendo. Os ânimos ainda não se acalmaram. De um lado, o MDA quer ver o governador derrotado nas próximas eleições; de outro a Frente Popular do Acre – FPA, não tendo assimilado a sua derrota na capital, busca a revanche.

De qualquer forma, apesar das controvérsias, o encontro representa uma abertura para um diálogo promissor, que, estabelecendo-se, trará grandes benefícios à população rio-branquense.

Entretanto, o confronto político entre as partes não deixará de existir. Inclusive, outras lideranças políticas poderão surgir acabando com esse "bate-boca" a dois, que, em verdade, não é conveniente que se prolongue, tão profundas são as marcas do ódio causadas no seio da sociedade.

Além do mais, Rio Branco não pode oscilar entre dois extremos, representados pela dupla Jorge x Flaviano, que, a rigor, não os diferenciam, senão na conduta política, que, aliás, também vem se revelando semelhante.

A população está a merecer algo novo, que passe por cima desses confrontos pueris, que servem apenas a incentivar uma competitividade enganosa em épocas eleitorais.

Se os dois quiserem trabalhar, que o façam sem holofotes. Encontrem-se todas as vezes que o quiserem, sem falsidade ou dando a entender, provincianamente, que estão criando um fato político, quando, de fato, não há nada disso, senão querendo ocupar um espaço a mais no quotidiano da vida tão sofrida da nossa população.

Menos palavras mais ações é isso que o povo quer. O diálogo é sempre salutar. Garante o entendimento lá em cima – autoridades -, que é condição indispensável para algo ser feito por razões exclusivamente sociais.

Afinal, acredito que o encontro entre Jorge x Flaviano pode ser considerado positivo por aquilo que vem a representar para a sociedade. As divergências sempre existirão, o que é aceitável no plano político. Porém, não poderão se sobrepor, quando se tratar de definir uma política em prol da população.

Também, se os dois líderes políticos estiverem vidrados nas eleições/2002, com certeza as suas ações poderão ser prejudicadas, vindo a ser consideradas politiqueiras ou eleitoreiras.

Nada não bastasse, o encontro serviu para que Jorge x Flaviano aprendessem a ser humildes. Com o respeito, sem a arrogância, é possível construir uma Rio Branco irmã, solidária e justa. Que Jorge x Flaviano entendam isso!

* Professor de Sociologia da Ufac