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Professora conclui doutorado sobre a reserva Chico Mendes

por petrolitano publicado 10/10/2011 11h45, última modificação 10/10/2011 11h43
Fonte: Jornal A Tribuna Data: 16/01/2001

Durante dois anos a professora Suely de Souza Melo da Costa percorreu a reserva extrativista Chico Mendes desenvolvendo pesquisa de campo para sua tese de doutorado, na Universidade Federal de São Carlos, em São Paulo, sobre o tema: "Caracterização Ambiental da Reserva Extrativista Chico Mendes (Acre-Brasil): subsídios ao plano de Manejo. A tese foi apresentada à banca em fevereiro de 2000 e aprovada com louvor. Nela a professora, que já foi presidente do Imac e secretária Estadual de Meio Ambiente, constatou que a reserx, por sua extensão é uma das maiores unidades de conservação no Brasil e mesmo sendo uma unidade de uso sustentável, provavelmente possui maior condição de acomodar pertubações naturais, mas não possui uma base de conhecimento científico que possa subsidiar ações de manejo ou garantir sustentabilidade ecológica do extrativismo".

Constatou também que a ocupação da área não foi feita de acordo com as características do solo ou do tipo de cultura que pode ser implementada por área, mas simplesmente pela facilidade de acesso. Quanto mais perto da margem de rios ou de estradas, maior é a ocupação, enquanto nas áreas mais distantes e de difícil acesso, a ocupação é mínima. O desmatamento, por conseguinte, é maior nas áreas próximas à cidade de Xapuri, Epitaciolândia e Capixaba e nas margens dos rios.

O estudo revela também que a reserva apresenta uma baixa densidade de estradas, que pode ser analisado sobre dois aspectos: "um número maior de estradas facilitaria escoamento da produção, o acesso a serviços essenciais (saúde, educação e transporte) e aos produtos industrializados; por outro lado, existe o risco de mortalidade de animais, a entrada facilitada de madeireiros, caçadores e pescadores, bem como intensificaria os desmatamentos em sua área de influência para os mais diversos usos", relata Suely.

Os moradores da reserva sobrevivem à base do cultivo de lavouras de subsistência como o arroz, milho, mandioca e o feijão, que são instalados após a derrubada de pequena parcela de mata e a queimada. É comum também o plantio de algumas fruteiras, principalmente a banana.

A vantagem da reserva é que sua cobertura vegetal está inalterada. Apenas um 1% da sua área total foi desmatada. E sempre em áreas menores a 3 hectares por colocação. A base da economia continua sendo o extrativismo, que associado a novas técnicas, tenta ampliar os horizontes dos moradores do ponto de vista econômico.

Estudo cria mapas para identificar região

O principal trabalho de Suely Costa na sua tese do programa de pós-graduação em ecologia e recursos naturais do centro de ciências biológicas e de Saúde da Universidade de São Carlos e que lhe rendeu o título de doutora em ciências, com área de concentração em ecologia recursos naturais, na reserva foi no tocante à elaboração da caracterização ambiental da área, a fim de dar suporte às ações de manejo em unidades de conservação.

O trabalho possibilitou a caracterização e o diagnóstico ambiental da reserva com o uso de um sistema de informações geográficas (Sig), para "elaborar uma base de dados digitais geodiferenciados, que possibilite a compreensão dos sistemas sócio-ambiental na perspectiva da utilização dos recursos naturais da reserva em questão".

Foram levantadas as informações sobre a evolução histórica e cultural das populações tradicionais contidas na reserva, material cartográfico disponível da área de estudo e a partir disso foram elaboradas as cartas temáticas dos elementos estruturais da paisagem, hidrografia, solos, hipsometria, clinografia, malha viária, uso e ocupação do solo, limites políticos dos municípios que compõem a reserva, além de definir unidades de gerenciamento ambiental da paisagem a partir da sua bacia hidrográfica, características ambientais, sociais e econômicas.

Também foi feito o mapeamento e a quantificação das áreas de ações antrópicas dentro e no entorno da área de estudo, a partir da análise e interpretação de imagens de satélite. A falta de material específico levou Suely a elaborar os mapas da área, com base no memorial descritivo e levantamento de rios e igarapés da região.