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Projetos de Reflorestamento Econômico são superiores aos de Assentamentos

por petrolitano publicado 18/10/2011 11h32, última modificação 18/10/2011 11h32
Jornal A Tribuna, 27.01.2001

Os projetos de assentamentos gerenciados pela própria comunidade – aqueles fundados nos sistemas de exploração agroflorestais – são economicamente superiores a aqueles que são resultados dos Projetos de Assentamento Dirigido (PAD). A constatação é do professor Lucas Araújo Carvalho, do Departamento de Economia da Universidade Federal do Acre (Ufac), em sua tese de doutorado apresentada ano passado ao Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

O pesquisador concentrou seus estudos no PAD Pedro Peixoto – na Vila Campina, Km 60 da BR-364, sentido Rio Branco/Porto Velho e, no projeto Reca.

Com o tema "Colonização e Meio Ambiente: Estudo de Duas Experiências de Assentamentos na Amazônia Ocidental", defende que os sistemas agroflorestais possibilitam recriar ecossistemas necessários para o equilíbrio ecológico, enquanto que os Projetos de Assentamentos utilizam-se de um tipo de exploração que traz completa destruição da floresta e baixo rendimento econômico. Um desses problemas são as queimadas que empobrecem o solo.

"A crítica fundamental não é ao Estado, em si, mas a forma equivocada como o Governo Federal concebeu e executou sua política de colonização da Amazônia, política projetada já nos marcos da privatização do Estado, isto é, levada a efeito sob pressão do peso excessivo dos interesses privados", relata Lucas Carvalho.

Essa superioridade é resultado da forma de organização produtiva da comunidade e de como a terra é ocupada economicamente.

Em 99, havia 364 associados no Projeto Reca, que plantaram 1060 hectares com uma cultura diversificada de pupunha para frutos e palmito, cupuaçu, leguminosas e essências florestais (cedro, mogno, cerejeira e outros). Somente pés de pupunha foram plantados 1.560.000.

Já no PAD Pedro Peixoto, o último levantamento feito pelo Imac, em 98, aponta que houve um fiasco do modelo de exploração agrícola, baseado nas culturas do guaraná, cacau e café. No início do projeto, os produtores foram estimulados ao cultivo destes produtos, mas os resultados se mostraram estatisticamente desprezíveis. Em 94, o uso da terra por hectares para a lavoura permanente ficou em 1,78, e subiu para 1,94 em 1998. A pastagem baixou. Em 1994 estava em 12,01, mas em 98 ficou em 11,14.

Entre as várias comparações que o pesquisador faz entre o PAD Peixoto e o Reca está ainda o padrão de consumo predominante nas duas comunidades. "O uso de eletrodomésticos como televisão, rádio, máquinas de costura, fogão a gás, antena parabólica e tantos outros, é mais frequente entre os associados do Projeto Reca do que entre os parceleiros do PAD Pedro Peixoto. Também as máquinas e equipamentos agrícolas são mais frequentes e diversificadas no Reca".