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A engenharia florestal no Acre

por petrolitano publicado 08/11/2011 15h23, última modificação 08/11/2011 15h23
Jornal Página 20, 10.07.2001

* José de Arimatéa


Em setembro do ano passado teve início na Universidade Federal do Acre (UFAC) o Curso de Engenharia Florestal. Trata-se do quinto curso dessa especialidade da engenharia criado na Amazônia, e o vigésimo terceiro do Brasil. O primeiro curso da Amazônia foi criado em Belém, em 1972, na Faculdade de Ciências Agrárias do Pará (FCAP). Formou os primeiros engenheiros florestais da região em 1975. O segundo, foi criado na Fundação Universidade Federal do Mato Grosso (FUFMT) em 1975. Em 1987 dois novos cursos foram criados na região, no Estado do Amazonas, respectivamente ligados à Universidade de Tecnologia do Amazonas (UTAM) e à Fundação Universidade Federal do Amazonas (FUA).

Até a formação dos primeiros engenheiros florestais da FCAP, a extinta SUDAM manteve um sistema de bolsas para formar pessoal fora da região. Durante dez anos, até 1975, aquela Superintendência de Desenvolvimento Regional concedeu dez bolsas anuais para a formação de engenheiros florestais na Universidade Federal do Paraná. As bolsas eram concedidas a candidatos selecionados nos estados da Amazônia e valiam para todo o período de duração do curso. A colocação desses profissionais no mercado de trabalho era praticamente imediata, tão logo retornavam aos seus estados de origem. A maioria deles era absorvida pelos órgãos federais e governos dos territórios. Esses 100 profissionais da região, formados no Paraná, ingressaram na própria SUDAM, no extinto IBDF, no Projeto RADAM (cuja sede estava localizada em Belém) e no PRODEPEF – Projeto de Pesquisa e Desenvolvimento Florestal; uns poucos foram para iniciativa privada. Os quadros do PRODEPEF foram depois incorporados à EMBRAPA, em 1976, quando a pesquisa florestal foi transferida do IBDF para esta instituição.

Os primeiros engenheiros florestais do Acre chegaram no Estado na segunda metade da década de 1980. Eram provenientes das universidades de Brasília, Rural do Rio de Janeiro, Viçosa, Mato Grosso e Lavras. Na década seguinte, profissionais formados em Santa Maria, Curitiba, Belém, Piracicaba, Manaus e Recife incorporaram-se àquele grupo primeiramente instalado no Estado. Hoje o Acre conta com cerca de 50 engenheiros florestais, aproximadamente um profissional para cada 10 mil habitantes. A maior parcela dos profissionais atua nos órgãos federais (UFAC, EMBRAPA e IBAMA) e do estado (SEFE, IMAC, FUNTAC, SEATER, SEPLAN), e, em menor número, nas organizações não governamentais (CTA e PESACRE). Na iniciativa privada o espaço tem sido ainda limitado para a atuação desses profissionais. Mas a tendência é de que nos próximos anos aumente a demanda por profissionais no setor privado, quer como empregados diretos quer como prestadores de serviços.

O curso de engenharia florestal da UFAC encontra-se no segundo período. Até que se conclua o ciclo básico, a demanda por professores com formação especializada ainda não será premente. Ao iniciar o ciclo profissionalizante, aí sim a UFAC terá que contratar professores com formação na área florestal. É corrente a dificuldade por que as universidades vêm passando para o preenchimento de vagas já existentes. Os cursos novos certamente encontrarão dificuldades ainda maiores para constituir seus quadros de professores. É certo que a UFAC poderá contar com profissionais de outras instituições já disponíveis no Estado, como colaboradores, para formar as primeiras turmas de engenheiros florestais do Acre. Um curso novo demora cerca de três lustros para consolidar-se. Os primeiros professores ingressos nesses cursos vêm, na maioria, de outros estados. Passados alguns anos, parte desses quadros tende a retornar aos estados de origem. Um curso novo tende, em geral, a consolidar-se quando profissionais formados nas primeiras turmas do próprio curso vão sendo contratados como professores. Mesmo assim, alguns anos ainda transcorrerão até esses quadros serem qualificados com mestrado e doutorado, fora do Estado.

O Acre tem 153 mil km2, dos quais 90% encontram-se cobertos por florestas. Uma conta de chegada resulta em 2.750 Km2, ou 275 mil hectares de florestas para cada engenheiro florestal. É uma área muito grande por profissional. Considerando que os recursos da floresta são a base para o desenvolvimento econômico do Estado e bem estar da população, o capital humano da engenharia florestal tem hoje e terá cada vez mais no futuro importância estratégica para o futuro do Acre. Isso não exclui, é claro, a participação de outras categorias profissionais. Mas a correta gestão da proteção e do uso dos recursos florestais exige a participação de profissionais com formação específica. A geração de bens e de serviços de natureza florestal, tanto em á áreas públicas quanto privadas, conta, há mais de duzentos anos, com participação dos engenheiros florestais, no mundo todo.

Por feliz coincidência, um dos estados da Amazônia com maior porcentagem de cobertura florestal, e com a economia assentada nos recursos da floresta, tem hoje como governador um engenheiro florestal. O projeto de desenvolvimento em curso no Estado tem procurado valorizar a floresta. A contribuição dos futuros engenheiros florestais da UFAC será fundamental para a sua consolidação. Mãos à obra colegas, do presente e do futuro!

Engenheiro florestal