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Com avaliação negativa do MEC, universidade quer lucrar no Acre

por petrolitano publicado 08/11/2011 15h40, última modificação 08/11/2011 15h40
Jornal Página 20, 17.07.2001

Considerada no Rio de Janeiro como uma universidade particular menor e obtendo notas baixas do Ministério da Educação, a Universidade Salgado de Oliveira está oferecendo cursos de especialização à distância em Cruzeiro do Sul, Tarauacá e Feijó, com carga horária entre 740 e 1.220 horas.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) limita no mínimo 360 horas. Para alguns professores da Universidade Federal do Acre (Ufac), uma carga horária assim só tem uma justificativa: lucro sobre lucro.

Cada aluno, segundo informações, pagará R$ 1,7 mil para se especializar. Ao todo, 40 alunos por curso são obrigatórios. “É muito estranho, porque é muito tempo e muita disciplina só para as pessoas ganharem dinheiro”, afirma o professor-doutor Cláudio Porfiro. “Isso é para as faculdades particulares ganharem dinheiro, e o incauto pagar sem ter uma monografia que se preze.”

No Acre, a Salgado de Oliveira é representada pelas professoras Francisca Aragão e Regina Maia. A primeira age em Tarauacá e em Feijó. A segunda, em Cruzeiro do Sul.

Há informações de que Francisca Aragão propaga nos dois municípios que “não se pode fazer mestrado sem antes concluir a especialização da Salgado de Oliveira”. Se isso for verdade, a intenção é enganar os alunos com único objetivo: lucrar com as matrículas.

C
ursos ultrapassados - O projeto da Universidade Salgado de Oliveira chama-se Novo Saber. Seus cursos, no entanto, são velhos. O de Língua Portuguesa data de 1989. Isto é, foi elaborado oito anos antes do governo federal publicar os novos parâmetros curriculares.

“Isso é uma forma de chamar os acreanos de burros”, irrita-se o professor-doutor Carlos Alberto Alves de Souza, do Departamento de História da Ufac. “Uma universidade dessa vem ao Acre com cursos que são refugos.”

Como se ainda fosse pouco, a universidade carioca oferece aos alunos acreanos uma grade curricular antiga. O curso de Pedagogia é um exemplo. A Salgado de Oliveira pretende lucrar com os cursos de Administração Supervisão e Planejamento Educacionais. Mas essa pedagogia tecnicista está sendo superada.

“A tendência é superar essas velhas nomenclaturas, e isso está sendo revisto a partir de uma nova concepção que forme uma pessoa para gerenciar a escola, que não é mais nessas gavetinhas tecnicistas”, explica a professora Eunice Maia Assunção, subcoordenadora do curso de Pedagogia da Ufac.

A Ufac, baseando-se na LDB, está com cursos atualizados de especialização. Um deles é para gestão escolar. 

Universidade Salgado de Oliveira


Tendo sua matriz localizada em São Gonçalo, Trindade, a Universidade Salgado de Oliveira não pertence a um grupo seleto de universidades particulares. Hoje, as faculdades brasileiras estão sendo classificadas de acordo com a avaliação do Ministério da Educação. Se um estabelecimento de ensino superior apresentar notas baixas, o prejudicado é um só: o aluno.

A Salgado de Oliveira é uma dessas universidades não muito bem conceituadas pelo MEC. Para os alunos de Tarauacá, de Feijó e de Cruzeiro do Sul, um curso por essa universidade pode sair “salgado” para suas vidas profissionais. Neste ano, pela primeira vez, o MEC irá avaliar os cursos de Pedagogia. Pelo seu passado, tudo indica que a Pedagogia do Salgado de Oliveira será reprovada. (Aldo Nascimento)