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Faculdade de medicina vira sonho

por petrolitano publicado 07/11/2011 17h20, última modificação 07/11/2011 17h20
Jornal O Rio Branco, 24.06.2001

Diva Albuquerque


A criação do curso de Medicina na Ufac, alardeado por alguns setores no Estado, restringe-se, até agora, a perspectivas da administração da universidade e do governo. De concreto sobre o assunto existe apenas a espera pela chegada de uma comissão do MEC, aguardada para setembro, que irá definir a situação.

O reitor Jonas Filho admitiu essa semana que o curso não está criado, sequer passou pelo Conselho universitário, órgão formado por 82 membros representativos da comunidade acadêmica que define as ações na Instituição.

Conforme explicou, somente após a comissão do MEC se pronunciar em setembro, dizendo se a Ufac tem ou não condições de oferecer o curso, é que poderá ser considerada a criação dele. As comissões acadêmicas que foram montadas para trabalhar a viabilidade de curso estão com tarefas recomendadas pelo MEC no sentido de providenciar as exigências para estrutura. Sobre isto, Jonas assegura que o projeto está tramitando, com tudo praticamente pronto, dependendo apenas de questões políticas. Entre as exigências do MEC, encontram-se itens que não estão sendo atendidos nos demais cursos da área de saúde da Ufac atualmente. Referem-se a laboratórios, acervo bibliográfico e professores específicos à área.

Estes itens têm sido o principal problema para a atual gestão. Recentemente, diversas manifestações foram realizadas por alunos dos cursos de Enfermagem e Educação Física reclamando a solução do problema sob pena de parar as aulas por falta de condições estruturais. Jonas alega que o curso de Medicina conta com um convênio com o governo do Estado e duas universidades federais e, por isso, vai poder funcionar. Ele acredita que a estrutura criada para Medicina vai beneficiar os dois outros cursos, ou seja, será permitido aos alunos de Enfermagem e Educação Física utilizar os laboratórios para aulas práticas.

"Estamos trabalhando para que o curso seja criado, a Ufac entra com a estrutura, o Estado se comprometeu em providenciar 15 professores efetivos para o quadro e contamos com a parceria da UnB. Estamos fazendo tudo em base sólida", respondeu Jonas confirmando que antes de outubro não há definição concreta sobre o curso. 

Curso de Jornalismo vai funcionar com professores de áreas a fins

Com data de matrícula prevista para os dias 1, 2 e 3 de agosto, o curso de Jornalismo da Ufac, começa a funcionar no segundo semestre do ano visto pela atual reitoria como compromisso da gestão anterior. As aulas do Curso serão aplicadas por professores do Departamento de Letras e Filosofia e há sérios riscos de que as aulas de laboratório aconteçam fora da Ufac.

"Podemos fazer contato com uma das rádios de Rio Branco para fazer parceria e realizar as aulas de laboratório do Curso, o mesmo pode ser feito em relação a jornais e televisão", considera o reitor, sem dar pistas de que a Universidade providenciará laboratórios para aulas práticas, requisito importante na formação do profissional de Comunicação Social.

Depois de ressaltar que a atual administração vai honrar o compromisso assumido pela gestão anterior quanto ao curso, o reitor diz que a Ufac não tem um perfil do estudante de Jornalismo. O fato provocou a criação de uma comissão que está trabalhando as necessidades do curso, para que seja montado o perfil e, a partir daí, a universidade possa atender as necessidades encontradas pelos alunos da área.

Além dos professores das áreas de Letras e Filosofia, há a possibilidade de contratação de alguns professores para á área específica, conforme previsto pela reitoria. Os primeiros alunos classificados para o curso participaram do vestibular no final do ano passado, quando a procura pelo curso registrou alta concorrência. "Já estive com o secretário do Ministério das Comunicações (MC) numa conversa em que discutimos a possibilidade de uma rádio para a Universidade", declarou Jonas Filho.

Faltam laboratórios e professores na Ufac

Tido como um dos cursos com maior número de problemas na Universidade, Enfermagem se mantém em meio à falta de professores e o sucateamento dos laboratórios, segundo reconhecimento dos alunos e da reitoria. Nos últimos dois anos, estudantes realizaram diversos protestos para chamar a atenção da administração numa tentativa de mostrar o abandono do curso.

Esta semana, o reitor anunciou a formalização de um convênio com a secretaria Estadual de Saúde para a contratação de nove professores, que somados a mais três formarão um quadro de doze profissionais para dar aulas. A notícia deixou os alunos satisfeitos, embora alguns prefiram esperar os professores na sala para acreditar na solução do problema. Eles argumentam que a Ufac já anunciou concurso por diversas vezes, mas não apareceu candidatos a vaga devido aos baixos salários oferecidos.

Na iniciativa privada esses profissionais ganham melhor do que na Universidade. Turmas que deveriam estar no quinto período estão atrasadas porque não tiveram aulas práticas ou laboratoriais. O motivo se estende além da falta de professores. Sem cadáver ou lâminas para desenvolver as aulas, muitos estudantes alegam que não aprenderam a distinguir uma célula de uma bactéria, isso porque a aula em que seria visto o assunto foi dada em condições deficientes.

O presidente do Centro Acadêmico do Curso, Fabiano Pacheco, declarou que o atual reitor tem tido uma atuação razoável em relação aos anteriores, mas ainda assim, considera que falta muito para que as condições adquiram condições ideais. Ele confirma que os laboratórios estão sucateados.

O de anatomia tem apenas dois esqueletos com ossos quebrados e o cadáver para estudos está sendo solicitado à coordenação do curso há tempo sem que seja atendido. "Do ponto de vista do cidadão, para mim, o curso de Medicina é importante, visto que moramos em um Estado pequeno onde há carência de profissionais da área médica. Ainda assim, é preciso analisar as condições de como será criado. Sendo aluno de Enfermagem, acho que quando criado não resolve nosso problema", ressalta.

Fabiano explica que os professores de Enfermagem não são os mesmos de Medicina, devido às peculiaridades de cada um dos cursos. Fato que derruba a idéia de que com o curso de Medicina melhora os demais cursos da área de saúde, ainda que sejam instalados laboratórios. 

Reitor diz que alunos não têm conhecimento

Protestos de alunos, movimentos de greve e críticas em relação a programas desenvolvidos pela Ufac tem sido a temática das notícias publicadas sobre a Universidade Federal do Acre (UFAC) nos últimos meses. O fato irrita ao reitor Jonas Filho, que providenciou uma coletiva essa semana para mostrar a prestação de contas das ações administrativas da atual gestão.

Respondendo às reclamações da comunidade acadêmica e da sociedade, o reitor afirmou que falta conhecimento aos alunos e pessoas que têm criticado sua administração nos últimos meses. Para ele, a Ufac tem conseguido resolver os problemas existentes, entre os demais, a falta de recursos para desenvolvimento das atividades acadêmicas.

De acordo com o entendimento do reitor, os alunos não têm adotado diálogo quando precisam se comunicar com a reitoria. "Não recebi nenhum ofício solicitando um cadáver para o curso de Enfermagem", afirma, em resposta à cobrança dos alunos de Enfermagem que estão sem cadáver para as aulas de Anatomia. Quanto aos protestos de Educação Física, ele disse ter havido uma antecipação anárquica por parte dos alunos. "Quando respondemos que cumpriríamos com as reivindicações em 24 horas é porque já estávamos trabalhando previamente para resolver os problemas do curso", justifica, referindo-se ao protesto dos estudantes de Educação Física no mês passado, quando pediram melhoras para o curso.

Na Universidade comenta-se que Jonas tem a simpatia do curso de Biologia, para quem providenciou a reativação de um laboratório antes desativado, como também de um pequeno grupo de professores, além de parte da diretoria do DCE. Questões como a interiorização de cursos e a inclusão de cursos da Ufac na lista dos reprovados pelo MEC têm abalado a imagem da atual administração.