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Vanguarda Européia e Modernismo Português

por petrolitano publicado 07/11/2011 17h21, última modificação 07/11/2011 17h21
Jornal Página 20, 26.06.2001

*Simone Souza


Tomemos para vanguarda a denotação etimológica de avant-garde: “a frente, o que está na frente” sentido que se ampliou para designar a parte mais radical, agressiva e polêmica de um movimento artístico ocorriod no inicio do século XX.

As diversas tendências de vanguarda (futurismo, dadaísmo, cubismo, expressionismo, surrealismo) colocaram em questão pela primeira vez o estatuto da arte burguesa, usando as formas da rebelião para divulgar suas propostas. Atuando no período que compreende a 1ª e 2ª guerras Mundiais, os artistas se organizam em movimentos (que não tem mais a configuração estável das velhas “escolas”) lançam manifestos e fazem reuniões públicas.

A vanguarda européia se define, assim, como uma possibilidade de antecipar o futuro no presente. Este fato constitui o fundamento de seu valor utópico, a defesa da liberdade de invenção de novos códigos para diferentes manifestações artísticas. Nesse sentido, a ação combativa dos artistas de vanguarda foi fundamental para nocautear, num primeiro momento, a poderosa retarguarda acadêmica: o passadismo clássico/romântico/realista e até simbolista.

Os movimentos de vanguarda conheceram uma rápida mais significativa irradiação para laém de suas fornteiras de origem. Assim é que, no Brasil dos anos 20, há um clima de efervescência e discussão daqueles procedimentos (dadaístas, futuristas, cubistas, expressionistas, surrealistas) aliado ao debate de problemas artísticos e culturais internos. Esta fase que dá ensejo ao surgimento de nosso Modernismo, é chamada heróica, pelo seu cunho desbravador, e ocorre por volta de 1920 a 30, período durante o qual se realiza a conhecida Semana de Arte moderna de 1922. Em Portugal: A Revista Opheu: com o instrumento que firma o Modernismo Português foi um duplo vértice histórico: nela estavam patentes idéias estéticas do passado, apuradas e substituídas pelas escandalosas teorias européias, as chamadas idéias novas.

Vistos hoje, tanto a Semana de 22 quanto a Revista Orpheu, marcos conhecidos como introdutores do Modernismo no Brasil e em Portugal são velhos e passadistas. Também os movimentos de vanguarda, nada mais são do que exemplos de estáticas passadistas e, por ironia, suas produções (manifestos, telas, esculturas, textos literários, etc) ocupam as mesmas bibliotecas e museus que pretendiam destruir, além de, quando colocadas à venda, serem comercializadas por quantias vultuosas.

Todavia, algo de valioso e perene nos foi transmitido por estes movimentos: se muitas de suas experiências formais tornaram-se esgotados clichês, sua atitude cultural de crítica permanente solidificou-se e impregnou manifestações literárias posteriores.

*Professora e doutora - Ufac
Fonte: Helena, Lúcia. Modernismo Brasileiro e Vanguarda. 2ª edição. São Paulo: Ática, 1989