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A proteção da segurança pública

por petrolitano publicado 01/11/2011 11h44, última modificação 01/11/2011 11h44
Jornal Página 20, 24.05.2001

Raimundo F. de Souza


O ato, efeito ou condição de estar seguro constitui-se no estado ou qualidade de confiança, ou seja, condição daquele ou daquilo em que se pode confiar, conhecer, ter certeza, convicção e tranqüilidade. Independentemente do que prescreve a definição etimológica, bem como do que assegura a legislação pertinente, ao nosso ver, sentir-se seguro em uma sociedade supostamente constituída por seres da mesma espécie consiste em ter garantido o direito de ir e vir em todas as localidades, em todos os horários, ser respeitado e considerado, não importando as opiniões que defende, do ideário político, da cor da pele, das aparências físicas diferenciadas, do credo, e ter a certeza de que sua família, salvo acontecimento de alguma situação acidental, não possa ser molestada.

No entanto, como utopia de uma sociedade perfeita e humanizada de verdade, existe apenas no imaginário dos sonhadores e nos compêndios de sociologia. Temos que nos contentar, adaptar e conviver com o desacato, a desconsideração, a desonestidade, a mentira, a corrupção, a traição e, o que é mais grave, a violência de toda ordem, instalada por todo o país, principalmente em Rio Branco do Acre, que atingiu índices nunca vistos e as autoridades e a sociedade assistem atônitas à ação dos bandidos em uma escalada ascendente.

Estamos caminhando a passos largos para a neurose do perigo em tudo e em todos, onde o cidadão vai ter que pagar um alto custo pela proteção de sua integridade física, tendo que recorrer à vigilância eletrônica, alarme residencial, comercial, de incêndio, segurança pessoal, ronda eletrônica, circuito fechado, sensores, controles de acesso, multiplexadores, monitoramento, detectores, câmaras, gravadores, vídeos, sirene, fechadura de segurança a uma matilha de cães pitbull.

Atingimos uma situação em que a vida humana encontra-se totalmente depreciada, ou seja, na mira de um bandido, a existência não vale um tostão furado.

Houve uma época em que uma agressão pessoal, uma ofensa verbal ou coisa do gênero poderiam redundar em severas punições para o agressor. Hoje, os pequenos delitos e até lesões corporais graves, que poderiam levar à morte, tornam-se perda de tempo buscar os préstimos da polícia para apurar, porque são tantos casos nessa categoria que o órgão policial não acompanha, não dá conta de investigar e finda não saindo das páginas dos livros de ocorrência. Ou seja, a polícia não conseguiu acompanhar a escalada do crime e hoje se contenta em oferecer desculpas sobre o que não conseguiu resolver e apresenta o resultado de alguns casos de crimes considerados mais graves e, principalmente, que a imprensa dá destaque especial. Alguém que foi abordado por ladrões dentro do seu estabelecimento, baleado e escapou por milagre, e outros tantos que passaram por situações semelhantes, devem dar-se por satisfeitos em estarem vivo. Infelizmente, somos obrigados a reconhecer, relatar fatos dessa natureza e lamentar com desalento, porque os culpados desse e de tantos outros crimes dificilmente serão punidos e ainda poderão voltar para realizar outro assalto e atacar a vítima. Essa situação é desesperadora, principalmente para quem passou pelo episódio e ainda teme pela integridade não só sua, mas também da própria família. Pois existem casos em Rio Branco em que a mesma pessoa, no mesmo local, já foi assaltada quatro vezes e não tem para onde ir, continuando a esperar os bandidos. Ou seja, a população, principalmente os pequenos comerciantes, encontra-se em polvorosa e aguardando um posicionamento oficial firme que venha barrar a liberdade e ousadia dos meliantes.

Nosso amigo Paraíba, homem cujo único defeito era ser trabalhador, honesto, arrojado e amigos de todos, dentro de seu estabelecimento foi abordado para roubar, reagiu e perdeu a vida. Essa realidade é dura e tem que ser resolvida. Somos sabedores de que existe uma guarnição, em tempo integral, para garantir a integridade física do bandido que foi atingido pelo Paraíba. E as vítimas, quem protege? A orientação das autoridades é para não reagir no momento do assalto. Até concordo, porque os bandidos, na hora da “parada”, estão para o tudo ou nada. No entanto, como fica a situação do cidadão que já ganha a vida com dificuldade e depois tem que cumprir as leis e vontades dos bandidos? Que segurança existe para o trabalhador que constantemente está tendo que repassar sua sobrevivência para os ladrões? Essas e outras indagações encontram-se no pensamento de muito gente, porém silenciosamente abafadas pelo medo e pela falta de segurança.

Bibliotecário da Ufac