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Como levar a verdade lá onde há erro?

por petrolitano publicado 01/11/2011 11h29, última modificação 01/11/2011 11h29
Jornal A Gazeta, 19.05.2001

José Mastrangelo


Um dos traços do ser humano mais carregado de conseqüências funestas é sua falibilidade. Ele pode errar muito e muitas vezes. E há inúmeras espécies de erros.

Existem erros causados pela ignorância sobre o universo, sobre a terra e sobre a vida. Quase não conhecemos a casa cósmica em que habitamos. Podemos nos encher de encantamento pelo céu estrelado, mas a maioria desconhece como ele se formou a partir de um minúsculo ponto de matéria e de energia concentradíssima que, num certo momento, explodiu. No interior das grandes estrelas vermelhas que se formaram a seguir foram elaborados os cem elementos físico-químicos que entram na composição de todos os seres e também de nossos corpos. Um dia estávamos todos lá juntos e unidos: os campos energéticos, as partículas elementares, o hidrogênio, o hélio, o ferro, o nitrogênio, enfim, tudo que se encontra atualmente em nossa estrutura material.

Existem erros que decorrem da ilusão sobre nós mesmos. Não raro nos iludimos com referência à nossa auto-imagem, considerando-se menos quando, na verdade, somos mais, com  muitas potencialidades positivas. Outras vezes erramos sobre as paixões e os desejos que nos obrigam a ter disciplina e autodomínio, para integrá-los e crescer harmoniosamente.

Existem erros gerados pela alienação sobre o nosso lugar e a nossa missão na terra e no universo. Dentro do processo evolucionário, somos aquele ponto em que o universo chega a si mesmo e capta o fio condutor que tudo une. Não estamos apenas sobre a terra. Somos s própria terra que sente, que pensa, que ama e que venera. A grande maioria das pessoas vive na alienação, pensando que apenas existe para trabalhar, trabalhar para acumular e acumular para desfrutar.

Levar a verdade é mais do que anunciar mensagens verdadeiras. É criar condições de transparência e de justiça para que a verdade emirja por si mesma e mostre sua luz libertadora e criadora.

Levamos a verdade na medida em que nós mesmos nos fazemos verdadeiros e transparentes nas palavras, nos gestos, nas atitudes e nas intenções. Nada mais inadequado à natureza da verdade do que a arrogância e a pretensão de possuir sempre a melhor razão. A verdade é como a luz: possui sua intensidade certa. Excesso de luz cega. Da mesma forma, excesso de verdade é pior que erro, já dizia outrora Blaise Pascal. É só em sua medida certa que a verdade dissipa as trevas e o erro.

Em tempo: o Estado do Acre ainda está a esperar a verdade sobre a morte do governador Edmundo Pinto, assassinado há nove anos. Dia 17 deste mês, os verdadeiros amigos do ex-governador estiveram reunidos na Catedral para, além de orar, pedir a Deus que a verdade seja desvendada.

É preciso que sejamos corajosos na descoberta de novos erros. A verdade deverá brilhar por nossas palavras sinceras e por nossa busca permanente de fidelidade à verdade. Nunca poderemos oprimir os outros em nome da “nossa” verdade.

Professor da Ufac