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Filarmônica do Acre participa em Brasília do I Fórum das Orquestras Brasileiras

por petrolitano publicado 01/11/2011 11h25, última modificação 01/11/2011 11h25
Jornal Página 20, 16.05.2001

Dalmir Ferreira

 

Como parte das atividades do Programa de Apoio a Orquestras, a Secretaria da Música e Artes Cênicas/SMAC do Ministério da Cultura, aconteceu em Brasília, de 7 a 9 de maio, o I Fórum das Orquestras Brasileiras, que congregou maestros, instrumentistas, administradores e demais profissionais da área, para discutir a realidade das orquestras no Brasil, em seus aspectos artísticos e gerenciais, abordando questões de interesse comum a todas as orquestras, as particularidades e a diversidade dos vários contextos em que se localizam. Concomitante ao fórum, a SMAC manteve parceria com a Academia Brasileira de Música, realizando um mapeamento para mostrar um panorama das orquestras brasileiras.

Esse fórum que reuniu para reflexões, profissionais altamente qualificados, aprofundou o conhecimento do universo das orquestras identificando propostas para subsidiar decisões governamentais, e entre estas, uma pauta de reivindicações encaminhadas ao Ministro da Cultura, que constam de: Inclusão do ensino obrigatório da Educação Musical no ensino fundamental e médio; Criação de uma comissão de juristas para análise da legislação trabalhista, e regulamentação da profissão, direitos autorais, e incentivo a atividade musical; Aumento do percentual da União para a Cultura; aumento de recursos para o Programa de Apoio a orquestras; Fomento a Orquestras Jovens, Comunitárias, Conservatórios e bandas; Criação de um banco nacional de partituras e instrumentos musicais; Promoção de intercâmbio entre orquestras; e a Realização de um Fórum anual de Orquestras.

Os representantes das Universidades Federais e Estaduais, com Orquestras Universitárias, também reivindicaram maior apoio do Ministério da Educação nesta área. Entre esse grupo estava o acreano Mário Lima Brasil, hoje maestro e professor de composição e regência da UnB. Mário manifestou a agradável surpresa em saber que no Acre já temos iniciado uma Orquestra Filarmônica e parabenizou nosso regente Romualdo Medeiros pelo trabalho que vem desenvolvendo.

Romualdo, além dos contatos estabelecidos, esteve com os senadores Marina Silva e Tião Viana, visando obter apoio na continuidade desse projeto da Filarmônica, que atravessa dificuldades em seu prosseguimento.

É oportuno lembrar que, ficando de fora do apoio da lei de incentivo à cultura, a orquestra, que hoje conta com uma expressiva biblioteca de música, instrumentos musicais, computadores e cerca de quarenta músicos, não tem um orçamento mínimo previsto para suas obrigações que vão desde aluguel, manutenção de instrumentos e pelo menos vales-transporte para seus músicos, em geral jovens e desempregados.

Nesse momento, em que a obrigatoriedade do ensino de arte nos ensinos fundamental e médio é uma realidade, é de se esperar - embora não com otimismo - que os responsáveis pelas áreas de cultura e educação, não apenas cumpram essa determinação legal, mas tenham consciência de que, sem o ensino de arte, continuaremos tendo uma educação aleijada, incapaz de estabelecer o tão necessário vínculo do homem com seu ambiente o que nos torna reféns das imposições que vão se acumulando com suas seqüelas, nos tirando a condição de agentes de nosso fazer histórico.

É essencial nesse momento que todos, sobretudo as cabeças pensantes de nossa comunidade, se mobilizem no sentido de se descobrirem mais que consumidores passivos de um processo alienado, busquem participar mais efetivamente do movimento pró-cultura, apoiando, consumindo, não sendo indiferentes, enfim, agindo de forma que seja democratizado o acesso aos fundamentos mínimos do que é arte, do que é cultura, que significados e que importância  pode ter isso para nossas vidas, já que tanto no exterior como no Brasil, isso já vem se configurando como uma necessidade essencial de sobrevivência, frente à expansão inexorável de uma globalização que não contemplará aos que não se contemplam, não respeitará aos que não se respeitam, não sendo justificado que sejamos apenas componentes da flora e da fauna, meros bichos acríticos perfeitamente exploráveis, incapazes de estabelecer e exercer uma cidadania cultural.