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Menção honrosa

por petrolitano publicado 01/11/2011 11h43, última modificação 01/11/2011 11h43
Jornal Página 20, 23.05.2001

José Cláudio Mota Porfiro


Há fatos na Academia UFAC que merecem menção honrosa, tendo em vista o alto grau de completude e perfeição com que são levados a efeito. Assim é a monografia elaborada por Raimundo Jesus Pinheiro e Jebson Medeiros de Souza, finalistas do Curso de Enfermagem, de cuja banca de examinadores faço parte, em vista do teor crítico-educativo do qual o trabalho se reveste do início ao fim.

Segundo os autores, em todo o mundo, a adolescência vem merecendo especial atenção, haja visto que, nessa etapa da vida, a desinformação, aliada às características de auto-suficiência próprias da idade, aumenta em muito os riscos, tanto de gravidez, como de doenças sexualmente transmissíveis.

No tocante às questões de saúde e reprodução, os adolescentes necessitam de atendimento especializado, sem preconceitos ou discriminação, que pode e deve ser realizado tanto pelos serviços de saúde, como  pelas escolas e pela própria família.

Em relação à gravidez nessa faixa etária, sua ocorrência vem crescendo substancialmente. Tal fato resulta, no mais das vezes, numa ruptura de projetos de vida e numa vivência precoce da maternidade que, geralmente, as mães adolescentes enfrentam, sem apoio dos pais de seus filhos.

Como agravante desse quadro, a mortalidade materna entre as adolescentes é alta, o que se deve, em parte, à ausência de políticas específicas de atenção a esse grupo, aliadas aos fatores biológicos que aumentam o risco reprodutivo.

No Brasil,  o planejamento familiar é garantido pela Constituição Federal, o qual representa a assistência em contracepção, que pressupõe a oferta de todas as alternativas possíveis em termos de métodos anticoncepcionais reversíveis, bem como, o conhecimento de suas indicações, contra-indicações e implicações de uso, garantindo à mulher ou ao casal os elementos necessários para a opção livre e consciente do método que a eles melhor se adapte. Pressupõem, ainda, o devido acompanhamento clínico-ginecológico à usuária, independente do método escolhido. 

Ainda segundo os autores, atualmente, a assistência à contracepção é realizada pelos serviços e profissionais de saúde que, tanto na esfera federal, quanto na estadual e municipal, estão preocupados em ofertar uma assistência que envolva atividades educativas e atividades clínicas de forma integrada. As atividades educativas têm como objetivo oferecer à clientela conhecimentos necessários para a escolha e posterior utilização do método mais adequado. Essas atividades favorecem os questionamentos e reflexões sobre os temas relacionados com as práticas da contracepção e da sexualidade. Assim, é da competência dos serviços de planejamento familiar a assistência às pessoas que não desejam engravidar e àquelas que desejam ter filhos.

No sentido de uma maior efetividade à ação, estes serviços devem indicar e/ou fornecer todos os métodos anticoncepcionais disponíveis no Brasil, amparados por normas éticas e legais. Os profissionais de saúde devem empenhar-se em bem informar aos usuários, para que conheçam todas as alternativas de anticoncepção e participem ativamente da escolha do método.

O interesse em averiguar o conhecimento de mulheres adolescentes sobre métodos contraceptivos, e o controle da concepção como ação a ser desenvolvida pelo serviço de planejamento familiar, levaram os autores a pensar a realização deste trabalho de pesquisa, com o qual esperam contribuir e subsidiar a assistência e o controle no planejamento familiar desenvolvido pelos profissionais de saúde.

Ao término deste trabalho, observa-se que a concepção é uma experiência corporal significativa que permite às jovens testarem a dimensão reprodutiva de sua identidade. Entende-se também que essa etapa da juventude constitui um momento de experimentação das práticas sexuais.

Os comentários acima foram basicamente levados a efeito pelos autores. E eu, cá de minha parte, alertei-os com relação a um fato a mais: é preciso levar em conta que os índices de desistência ocorridos nas escolas de ensino médio de Rio Branco estão estreitamente vinculados à ocorrência de gravidez entre as adolescentes, em que pese tal aspecto ter sido observado apenas ao nível das entrelinhas destes escritos, e não enquanto dado estatístico claramente justificado.

Em vista da realidade circunscrita no âmbito destes estudos e do que foi relatado em termos percentuais, é oportuno sugerir, enfim, que seja levada a efeito, com a urgência que o caso requer, uma grande campanha de conscientização quanto ao uso de métodos contraceptivos, e de prevenção às DSTs, na rede escolar de ensino fundamental, principalmente entre as estudantes de sétima e oitava séries da rede pública, através de parcerias que podem envolver a Universidade Federal do Acre, através da sua Coordenadoria de Extensão, a Secretaria de Estado da Saúde e a Secretaria de Estado da Educação.

Enfim, não obstante as condições não tão satisfatórias em que um trabalho desse naipe é desenvolvido, na UFAC, há de se evidenciar, mais uma vez, a justeza das colocações e a clareza das sugestões. Por tudo isto, seria oportuno outorgar uma menção honrosa aos autores do trabalho.

claudioporfiro@zipmail.com.br