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Digno de menção

por petrolitano publicado 21/10/2011 10h31, última modificação 21/10/2011 10h31
Jornal Pagina 20, 07/03/2001

*José Cláudio Mota Porfiro


Há algum tempo, minhas pobres páginas eram um tanto cinzas e eu, melancólico, escrevia sobre coisas deveras tristes, enfadonhas. Coloquei, então, em papel, algumas idéias segundo as quais há - talvez até historicamente - alguns ciclos às vezes eufóricos que emprestam alguma forma à questão da promoção cultural no Acre.

Observei ainda no mesmo texto que, nos dias atuais, a Fundação Elias Mansour vive épocas de regozijo e grande produtividade, em termos de apoio à cultura, em vista do trabalho imprescindível de alguns formadores de opinião que por ali houveram por bem instalar-se e trabalhar deveras, em que pese o parco brilho de alguns estrelismos nefastos que ainda rondam ao redor.

Ademais, tratei também sobre a formação de um possível Núcleo de Cultura e Artes da UFAC. Vislumbrava, aí, o resplandecer de um novo ciclo, este talvez mais duradouro, que possa vir a dar cores mais reais à promoção cultural no Acre.

Hoje, então, folgo em fazer-me veículo de notícias muito melhores. É que o trabalho de um grupo de bem intencionados da UFAC, em convênio com o SESC, já consegue surtir o efeito desejado e faz brotar alguns frutos e flores bem saudáveis. Alvíssaras!

Chegou-me às mãos um convite segundo o qual a Universidade Federal do Acre chamou a comunidade a tomar parte da abertura da exposição coletiva de inauguração do Salão Universitário de Arte, evento realizado no último dia cinco de março, no hall de entrada da Biblioteca do Campus.

Há lá trabalhos de um grupo de artistas plásticos composto por Dalmir Ferreira, Danilo de S’Acre e Eliane Rudey, os curadores da exposição que vai até cinco de abril próximo. E mais: Hélio Melo, Jaqueline Mesquita, Ivan Campos, Darcy Sales, Ulisses Sanchez, José Matos, Jorfrannas, Gesileu Salvatore, Paulo Sérgio, Leila Jalul, Waldenínio Rego, Jorge Rivasplata. Cerezo, Laélia Rodrigues, Robélia Fernandes e Marcos Lenízio... Este, sim, um grupo de pequenos gigantes acreanos que, desde há muito, emprestam cores às nossas artes e vêm lutando pelo ideal realizável da divulgação das artes em meio aos diversos segmentos sociais, o que se coaduna com o pensamento do grupo que atualmente busca bem reger os destino da UFAC (mesmo através das melhores parcerias). Oxalá tenham todos sucesso!

Nas palavras do Prof. Dr. Jonas Filho, Reitor da UFAC, “a abertura deste espaço é significativa na medida em que a Academia, reconhecendo a importância e a responsabilidade do trabalho com a produção artística, faz desta a primeira dentre outras tantas ações que estão previstas para esta área”.

Deste modo, segundo o curador da exposição, Dalmir Ferreira, a pretensão é buscar alternativas de vincular culturalmente o homem ao seu meio ambiente, oportunizando à vasta gama de profissionais formados pela UFAC o contato com a arte do seu tempo e do seu espaço. Com isso, segundo o Reitor, acredita-se poder redimir-nos dessa dívida que se acumula com a comunidade, uma vez que o profissional-cidadão, sem vínculo cultural com o seu ambiente, não pode exercer plena e conscientemente a cidadania tão amplamente pregada nos dias de hoje.

Em verdade, a exposição reúne nossos mais representativos artistas plásticos e, assim, objetiva, basicamente, apresentá-los à comunidade universitária, como ponto de partida para um relacionamento mais estreito e produtivo para ambos, e que possa resultar numa troca de conhecimentos capaz de produzir a evolução cultural de que necessitamos.

Do sensual ao amazônico, do expressionista ao histórico, enfim, fui, vi e gostei muito. Todavia, não apenas estudantes, professores e funcionários da UFAC devem tomar conhecimento do espaço. Seria necessário que promovêssemos campanhas entre estudantes de primeiro e segundo graus, para que estes também pudessem ir à Universidade para o contato não apenas com a arte, mas, muito mais, com o conhecimento elaborado propriamente dito.

e-mail:claudiogibiri@zipmail.com.br

José Cláudio Mota Porfiro é doutor em Filosofia e História da Educação pela Unicamp.