Você está aqui: Página Inicial > Notícias da UFAC > Ufac na Imprensa > Edições 2001 > Março > Geoglifos encontrados no Acre serão debatidos em mostra da Universidade da Flórida
conteúdo

Geoglifos encontrados no Acre serão debatidos em mostra da Universidade da Flórida

por petrolitano publicado 21/10/2011 11h16, última modificação 21/10/2011 11h16
Jornal O Rio Branco, 11 de março de 2001

Flávia Domingues

Figuras geométricas gigantescas com formas milimetricamente perfeitas, conhecidas como geoglifos na comunidade científica,foram localizadas casualmente pelo paleontólogo acreano Alceu Ranzi nas proximidades de Boca do Acre.

A descoberta, ocorrida no ano passado quando Alceu voltava de uma viagem aérea de Brasília, será apresentada a convite do pesquisador e paleontólogo Michael Heckenberger, da Universidade da Flórida, na mostra Brazil Week (Semana do Brasil), que ocorre anualmente entre os dias 12 e 16 na instituição.

O pesquisador da Universidade Federal do Acre (Ufac), que em princípio não foi levado a sério por alguns, diz que em pesquisas preliminares encontrou seis figuras, localizadas a cerca de 10 quilômetros de Rio Branco.

O primeiro grupo de figuras se encontra dentro da Fazenda Colorado, pertencente ao comerciante conhecido como Alemão. É composto de um círculo perfeito, com 80metros de diâmetro e 40 metros de raio, um quadrado perfeito, com 130 metros de lato e o formato de um “U”.

O segundo grupo localiza-se nas terras do sitiante Jacó Sá, com a figura de um quadrado com um círculo dentro e mais uma figura octogonal (oito lados)

“Era um final de tarde, e o primeiro geoglifo que vi foi o círculo, que me chamou muita atenção pela sua perfeição. Passávamos em cima do seringal Bagaço e busquei um ponto de referência para que posteriormente pudesse ir ver in loco o que era aquilo. Pouco tempo depois peguei o fotógrafo Edson Caetano e sobrevoei a área em busca do círculo. Para minha surpresa acabamos por encontrar outras figuras que só ficaram em descoberto devido aoso desmates da região”, explica Alceu Ranzi.

O pesquisador Michael Heckenberger, que convidou Alceu para a Brazil Week, é um estudioso dos geoglifos que se localizam no Vale de Nazca, no Peru. As figuras descobertas em 1927 são de um macaco, uma abelha e um beija-flor, que podem ser delineados e ter sentido somente se vistos a cerca de 1.500 metros de altura.

As figuras ficaram largamente conhecidas na década de 70 através do livro “Eram os deuses astronautas?”, do suiço Erich Von Daniken, que defendia que as civilizações pré-colombianas, como a dos astecas, teriam sido visitadas por alguma forma extraterrena inteligente que teria deixado suas marcas na região. Porém, outra corrente defende que as figuras foram escavadas nas pedras do vale como uma espécie de santuário, onde se realizariam festas e oferendas para que os deuses mandassem chuva e fartura na região, que é seca e pedregosa.

Devido a proximidade das regiões e a similaridade entre as figuras em alguns aspectos, Alceu defende que os geoglifos descobertos possuem um fio condutor de ligação.

“Acredito que a origem das figuras tenham ligação, com a diferença que lá foi escavada em rocha e aqui na terra. Para provar isso teremos que fazer muitas pesquisas e buscar novas marcas do mesmo tipo que estejam escondidas na floresta. É um novo desafio que vale a pena ser pesquisado com profundidade”, ressalta o paleontólogo.

Alceu, que irá apresentar palestra sobre a descoberta na mostra americana e escrever artigos sobre o assunto em revistas especializadas, já tem alguns parceiros para pesquisar o tema, que será desenvolvido com o apoio da Universidade da Flórida, Museu da Borracha e incentivos da Ufac.