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Perfil social da mulher neste milênio

por petrolitano publicado 21/10/2011 11h09, última modificação 21/10/2011 11h09
Jornal A Gazeta, 08/03/2001

* Maria Vanderléia de Sá Costa Girardi

A mulher, ao longo da história, vem sofrendo os mais variados tipos de discriminações, sendo tratada na maioria das vezes como segundo plano pela sociedade machista, que acredita que lugar de mulher é dentro de casa, cuidando dos afazeres domésticos e dos filhos. Segundo essa visão machista, a mulher é tida simplesmente como um objeto artificial de uso pessoal e doméstico.

A cobrança de deveres e obrigações dentro do lar é grande, nada pode falhar, a comida quente na mesa, a camisa bem passada, a mais próxima ao sapato, as crianças educadas, banhadas e perfumadas, de preferência quietas para não perturbar o silêncio na hora do cochilo do meio-dia. A ajuda na hora das tarefas escolares da pimpolhada. Se por acaso uma destas alternativas falharem o homem culpa a mulher.

Esta sociedade machista chega a fazer piadas maldosas sobre o sexo feminino, do tipo: “Mulher esquenta a barriga no fogão e esfria no tanque”, “toda loura é burra”, quando se depara com uma mulher no volante, e ocorre algum problema no trânsito; “Só podia ser mulher”.

Mas a mulher, aos poucos, está mostrando que também possui capacidade de competir de igual para igual com o homem. Vejamos alguns dados recentes sobre a equiparação entre os sexos, seja na escola, no trabalho ou na política brasileira.

Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no item rendimento das trabalhadoras brasileiras, cresceu quase o dobro da média nacional entre 1993/1999. O rendimento médio da população ocupada foi de 24%. O salto das mulheres foi de 43%, o dos homens, 19%. Apesar da classe masculina ganhar mais, as diferenças salariais vêm se reduzindo.

As mulheres já são maioria no eleitorado. O número de prefeitas aumentou em 85% na última década.

As mulheres estão conseguindo mais empregos que os homens, segundo fonte do IBGE, a taxa de crescimento feminino ficou em 1,5%, o masculino 0,6%. Das 720.000 (setecentos e vinte mil) vagas de trabalho abertas desde janeiro de 2000, 444.000 (quatrocentos e quarenta e quatro mil) foram ocupadas por mulheres.

Em 1995, 23% das mulheres eram responsáveis pelas famílias. Em 1999, 26% cuidavam da casa, da saúde e das finanças da família.

O grau de instrução da mulher também melhorou, segundo uma pesquisa feita pela fundação SEAD, órgão ligado ao governo de São Paulo, onde afirma que desde de 1994 a mulher vem melhorando o grau de instrução. Naquele ano 35% das mulheres tinham ao menos o ensino médio completo. Hoje são 43%.

Na força de trabalho houve um salto de 17% em 1994 para 51% atualmente.

Segundo dados do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ), 17% dos aprovados em concurso para juiz em 1985 eram mulheres. Dez anos mais tarde elas eram 29%.

Nos Estados Unidos as diferenças salariais também entre os sexos foram reduzidas. Hoje as mulheres recebem em média 82% do salário pago a seus colegas do sexo masculino. E segundo levantamento publicado no site americano da Microsoft Network, existem nos Estados Unidos 8 (oito) milhões de empresas chefiadas por mulheres. Elas respondem pela geração de uma empresa de informática, a Hewlett-Packard, que é dirigida por uma mulher formada em História Medieval e Filosofia. Carly Fiorina.

Uma frase que define bem o avanço da mulher na sociedade é de um filósofo francês, Gilles Livovetsky, que diz: “O homem não foi derrotado. A mulher é que está encontrando seu espaço. E sozinha. Sem proteção nem briga”.


Maria Vanderléia de Sá Costa Girardi é bióloga/Ufac.