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Greve de professores pode adiar vestibular e semestre

por petrolitano publicado 09/11/2011 14h45, última modificação 09/11/2011 14h45
Jornal O Rio Branco, 04.11.2001

Flávia Domingues


Ao contrário dos servidores administrativos, que voltaram ao trabalho nesta quinta-feira, depois de 90 dias de paralisação, a greve dos professores das universidades federais continua firme e forte, o que inclui a Universidade Federal do Acre.

A expectativa é que devido ao cabo-de-guerra que se armou com o ministro da Educação Paulo Renato, o semestre seja cancelado e o Vestibular 2002 seja adiado até que o impasse salarial se resolva. Mesmo decepcionados com a falta de avanço nas negociações e com os salários de setembro suspensos em decisão tomada pelo MEC no dia 27 de setembro, os professores se sentem com as forças renovadas devido intransigência de Paulo Renato, que rejeitou ontem a intermediação do presidente do Superior Tribunal de Justiça, Paulo Costa Leite para se chegar a um consenso.

O comando geral da greve pediu a intermediação do presidente do STJ como forma de amenizar os ânimos que andam bem acirrados em Brasília entre o MEC e professores. Porém, agora só resta aos professores esperar o julgamento do mérito da liminar impetrada pela Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior - ANDES - para que se devolva o direito a eles de receberem seus salários de setembro mesmo estando em greve.

A decisão está prevista para sair hoje o que levará comando de greve local da Ufac a se reunirem hoje à tarde para fazerem uma avaliação da conjuntura nacional e local da greve de acordo com o resultado do julgamento.

Como medida preventiva o Comando de Greve local também entrou com ação cautelar liminar na Justiça Federal do Acre para que os salários assim que forem liberados sejam pagos, sem nenhum tipo de empecilho ou pressão por parte do Reitor Jonas Filho. A ação foi acatada pelo juiz federal Jair Facundes.

Enquanto isso uma barraca de atividades da Associação dos Docentes da Ufac - Adufac - foi instalada na praça Plácido de Castro como forma dos grevistas entrarem em contato com a população e explicarem os motivos da paralisação que já entrou no seu segundo mês.

"Não há como pensar em parar agora. Estamos no meio do caminho do movimento e para agora seria sair da mesma forma que entramos: de mãos vazias. Pedimos um pouco de paciência e compreensão dos alunos e da população, pois temos que resistir mais um pouco para podermos ganhar a batalha. Continuamos abertos às negociações com o governo desde o início do movimento e temos certeza que chegará o momento de entendimento", explica o professor José Mastrângelo, presidente do Comando de Greve da Ufac O comando de greve da Ufac é composto pelos seguintes professores, além de Mastrângelo: Coracy Sabóia, Sandra Teresa Basílio, João de Lima e Auriberto Moreira.

Principais reivindicações

* A principal reivindicação refere-se às perdas salariais no índice de 75,48%
Com as dificuldades encontradas para alcançar a principal solicitação o eixo virou-se para a incorporação das Gratificações de Atividade Executiva (GAE) e Estímulo ao Docente (GED) que variam de R$ 400,00 a R$ 1.400,00 conforme o grau de especialização do professor no lugar dos 30% de aumentos oferecidos pelo MEC em cima da GED

* Mais verbas para as universidades trabalharem

* Contra o Projeto de Lei que acaba com o Regime Jurídico Único (RJU) abolindo a adoção do sistema da sexagenária Consolidação das Leis do Trabalho que retira a estabilidade do emprego aos funcionários públicos que passariam a ser tratados como funcionários de rede privada. A medida que também implica na aposentadoria dos servidores foi barrada no Congresso mas ainda há ameaças de ser posta em prática nas futuras contratações

Administrativo volta ao trabalho

Ao contrário dos professores, os servidores que também estavam com seus salários suspensos do mês passado receberam ontem após anúncio do término da greve. O ponto principal para que as negociações entre MEC e servidores avançasse foi a incorporação da Gratificação Executiva (GAE) aos salários que fez com que o menor salário que era de R$ 180,00 pulasse para R$ 485,48 fora as vantagens extras como ticket alimentação, anuidade, vale transporte, gratificação de fronteira, no caso da Ufac, entre outras.

Os servidores também conseguiram arrancar a promessa através de projeto de lei de que a cada dois anos haverá progressão funcional com incorporação de 3,9% aos salários dos servidores na ativa. O projeto já foi encaminhado ao Congresso para estudos e votação.

Outro ponto que foi acordado com o MEC é que fora a progressão funcional de 3,9% todas as outras vantagens sejam extensivas aos aposentados e pensionistas que até então não estavam tendo nenhum tipo de vantagem. A exemplo dos professores que ainda se mantém em greve, os aumentos de 75,48% ficaram esquecidos devido a inviabilidade do tamanho da reivindicação mediante as várias dificuldades econômicas financeiras que passa o país, passando a concentração das forças se voltarem para a incorporação das gratificações. A reaquisação da categoria também será objeto de estudo do MEC em conjunto com os servidores.