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Lábio leporino: em cada 1000 recém-nascidos no mundo, um nasce com essa anomalia

por Ascom02 publicado 01/01/2013 18h02, última modificação 01/01/2013 18h02
Jornal AGazetadoAcre.com, 13 de dezembro de 2012
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A fissura labiopalatal (FLP) conhecida popularmente como lábio leporino é uma anomalia genética e se caracteriza por uma abertura na região do lábio e/ou palato do recém-nascido. É ocasionada pelo não fechamento destas estruturas na fase embrionária, ou seja, entre a quarta e a décima semana de gravidez, sendo que a única forma de corrigi-los é através de cirurgia.

De acordo com os autores consultados, em cada 1000 recém-nascidos no mundo, um nasce com essa anomalia. Os resultados de uma pesquisa realizada no Brasil, mais especificamente na cidade de Bauru, em São Paulo, revelou que naquela cidade os casos são ainda mais comuns, uma vez que a cada 650 crianças nascidas uma delas apresenta fissuras labiopalatal.

CAUSA
A maioria dos autores assinala que as causas desses defeitos congênitos ainda não são plenamente conhecidas. Mas, entre os fatores de risco estão, o uso de álcool ou cigarros, a realização de raios X na região abdominal, a ingestão de medicamentos, como anticonvulsi-vantes ou corticoides, durante o primeiro trimestre de gravidez, a deficiência nutricional, o hipo-tireoidismo, a hipertensão arterial e ainda a hereditariedade.

Outros autores acrescentam que genes mutantes ou teratogênicos (agentes que causam anomalias em um feto em desenvolvimento, como certos vírus ou substâncias químicas), também podem causar essas malformações.

TIPOS
Os autores consultados indicam que as fissuras podem ser: unilaterais (atingem somente um lado do lábio) ou bilaterais (atingem os dois lados do lábio), completas (quando atingem o lábio e o palato), ou incompletas (quando atingem somente uma dessas estruturas).

Os autores também acrescentam que além das unilaterais e bilaterais existem ainda as fissuras consideradas atípicas, que tanto podem se apresentar em formas mais leves, a exemplo da cicatriz labial e a úvula bífida (quando a úvula aparece partida em duas), quanto em formas mais graves, como as fissuras amplas de lábio e palato.

As fissuras labiopalatais também podem se associar a outras mal-formações sejam elas de face ou de outras regiões do corpo.

Outro problema com essas anomalias é que elas podem causar dificuldades com o desenvolvimento da fala e com a alimentação dos bebês.

DIAGNÓSTICO
A literatura indica que o lábio leporino pode ser diagnosticado antes mesmo do parto, através do exame de ultrassonografia pré-natal, por volta do 4º, 5º mês de gravidez, podendo ser visualizada a fenda quando tem lesão labial isolada ou ainda, quando associada à de palato.

Logo após o nascimento, a cirurgia corretiva pode ser realizada. Isto por que hoje já existem técnicas que permitem a realização da cirurgia precoce, até uma semana de vida.

TRATAMENTO
É possível a total reabilitação do paciente com fissura labiopa-latal. O tratamento é longo, a qual segundo Martinelli (2012) passa por várias etapas terapêuticas e cirúrgicas, envolvendo uma equipe interdisciplinar que irá acompanhar a criança desde o nascimento até a fase adulta.

No Brasil existem diversos centros cirúrgicos com especialistas qualificados e competentes no atendimento de pacientes com fissuras labiopalatais pelo Sistema Único de Saúde - SUS.

Um dos mais reconhecidos centros especializados em anomalias craniofaciais que atende pelo SUS é o Centrinho-USP da cidade de Bauru, o qual desde a década de 40 recebe pacientes de todo o Brasil.

Para realizar suas atividades na área de anomalias craniofaciais, o Centrinho conta com uma equipe grande de profissionais pertencentes a diversas áreas: médicos pediatras, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos, biólogos, dentre outros.

Importa lembrar que ao final das várias cirurgias, os resultados podem ser bem satisfatórios, e as cicatrizes ficam quase sempre imperceptíveis.

ALGUMAS DICAS
De acordo com Rodrigues (2012) algumas atitudes que podem ajudar o dia-a-dia tanto da mãe quanto da criança acometida são:
1) Procurar a melhor posição para amamentar seu bebê com fissura. Você e ele irão descobrir como a amamentação pode ser possível e prazerosa.
2) Não dispensar orientação psicológica, a qual irá ajudar a enfrentar melhor as fases mais difíceis dessa alteração anatômica congênita. 
3) Fazer corretamente todos os acompanhamentos necessários para seu filho para que a reabilitação seja total e sem traumas para você e para a criança.

* Terezinha de Freitas Ferreira é doutora em Enfermagem pela Universidade de São Paulo – USP. Professora do Centro de Ciências da Saúde e do Desporto - Ufac. Consultora Editorial da Revista Brasileira em Promoção da Saúde da Unifor e Revista de Saúde.Com., da UESB.