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As conversas nos corredores

por Ascom02 publicado 22/11/2012 10h05, última modificação 22/11/2012 10h05
Jornal Pagina20.uol.com.br, 21 de novembro de 2012
Escrito por José Porfiro da Silva
21-Nov-2012

A Universidade Federal do Acre tem uma nova gestão (nov. 2012 a nov. 2016). Os professores Minoru Kinpara, como Reitor, e Guida Aquino, como vice-reitora, assumiram, semana passada, em substituição a gestão da professora Olinda Assmar. As perspectivas de uma nova gestão de uma universidade e da UFAC, em particular, são apreendidas de maneiras diferentes pelos diversos segmentos sociais de nosso estado. Fato compreensível, evidentemente.

É sabido que a UFAC desempenha um papel “natural” no desenvolvimento do Acre, tal como o papel em que a educação superior desempenha no desenvolvimento socioeconômico das nações, em geral.

É um consenso, nos meios acadêmicos sensatos de todo o mundo, que a educação superior, nos moldes de uma un

iversidade, como a UFAC, exerce uma importante função nas dimensões econômicas, culturais, de novas oportunidades, entre outras.

Se bem que é verdade o fato de algumas instituições e organizações apenas se manifestaram publicamente neste sentido no início da década de 2000, muito, em função das novas transformações relacionadas com denominada sociedade (era, etc.) do conhecimento. Fato que não reduz, em absoluto, o significado da educação superior universitária para o desenvolvimento das nações ou, no nosso caso, para o desenvolvimento das regiões e/ou estados federativos, à la Acre.

A educação superior universitária nos países da periferia mundial enfrenta situações parecidas. Mesmo no Brasil, como um dos grandes destaques na América Latina, a dinâmica é semelhante, em seus traços gerais, ao que vem ocorrendo na maioria dos países da região. Internamente, o quadro é bem parecido. As preocupações com o binômio Quantidade (expansão) x Qualidade preocupam a maioria absoluta dos dirigentes.

No sistema federal de educação superior, temos as chamadas grandes universidades (UFRJ, UFMG, UFRGS, etc.), as quais são rodeadas por um conjunto de pequenas universidades. Neste rol destas, pode-se encontrar mais de quinze instituições, longe de serem comparadas com uma Unb, UFPE, dentre ouras, incluindo aquelas já mencionadas.

Independente das variedades de universidades, sabemos que as grandes questões que afetam a qualidade das atividades acadêmicas são comuns. Todas as universidades anseiam em seus quadros com professores bem preparados e altamente motivados. Isto é, isoladamente, qualquer uma destas dimensões faz pouco sentido.

Da mesma forma, as universidades desejam que seus alunos disponham das melhores condições possíveis nas salas de aula, nas bibliotecas e/ou nos laboratórios, no intuito de favorecer as condições de convivências propícias para o estudo. Além disso, ainda tem as universidades ou alguns cursos específicos, principalmente nos centros mais dinâmicos, que disputam aqueles alunos com menos problemas de formação nos níveis de ensinos fundamental e médio.

Entretanto, quem viveu e conviveu por um razoável período dentro do ambiente acadêmico da UFAC e, também, das chamadas universidades grandes, sabe que o dia a dia não é nada parecido. Assim, consequentemente, uma nova gestão, como a que começou há uma semana, depara-se com situações bem distintas nos dois lugares.

Por períodos intermitentes, devido ausências, adaptei-me aos assuntos dos corredores da UFAC, os quais, muitas vezes, estendem-se literalmente as suas instâncias decisórias. É um discurso padrão, quase sempre centrado em questões pessoais, em táticas para atingir determinados alvos ou algo similar. É uma surpresa quando encontramos alguém, voluntariamente, disposto a conversar algum assunto menos envenenado. Podemos até mesmo afirmar que é um momento de grande satisfação quando isso acontece, dado que quando cumprimentamos algum colegado já pressentimos que o que vamos ouvir.

Nos períodos em que vivi noutras universidades, sempre me deparava com diálogos diferentes daqueles que somos levados a estabelecer por aqui. Lembro, que em duas ocasiões, numa discussão de trabalho entre alunos e professores, presenciei algo por demais incomum. Incomum porque fui coordenador de curso aqui na UFAC, por quase oito anos, e nunca ouvi nada parecido.

Pois bem, lá ouvi o seguinte, quando alguém procurava sugerir o conserto de um procedimento acadêmico: “Isso aí não pode ser feito dessa forma. O nome da nossa instituição tem de ser preservado sob todos os aspectos.” Ah! Como isso me surpreendia; mais ainda, por ter ouvido de pessoas diferentes, em ocasiões diferentes.

Claro que na UFAC isso também acontece, mas é algo extremamente raro. Por exemplo, há alguns dias um professor sugeriu uma forma diferente para atender os alunos, tendo em vista que os trabalhos das coordenações tomaram outra dimensão com a informatização de algumas atividades (matrículas, etc.). Isso, por incrível que pareça,  aconteceu nos corredores de nossa UFAC, propriamente dito.

Mais interessante agora são as conversas que ouvimos sobre a nova gestão da UFAC. É algo que nos traz, por incrível que pareça, um grande aprendizado, mesmo que seja por intermédio de questões um pouco fora das questões acadêmicas. O tempo levará nossa instituição a outras formas de convivência.

Professor de economia da UFAC. Mestre pelo CPDA da UFRRJ e Doutor pelo Instituto de Economia da UFRJ.

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