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'É um direito', diz transexual que solicitou uso de nome social na Ufac

por daniel.ascom publicado 14/06/2016 12h53, última modificação 14/06/2016 12h53
Publicado por: G1 AC
O transexual Joey Sampaio solicitou uso de nome social na Ufac (Foto: Arquivo pessoal)O transexual Joey Sampaio solicitou uso de nome
social na Ufac (Foto: Arquivo pessoal)

O estudante Joey Sampaio, de 22 anos, de Rio Branco, é um dos que solicitaram o uso do nome social na Universidade Federal do Acre (Ufac), após a instituição aprovar, em fevereiro, a medida que garante que alunos transexuais, transgêneros e travestis escolham como querem ser identificados na documentação interna.

Sampaio vai começar, em junho deste ano, o curso de Ciências Sociais. Para ele, a medida representa a garantia de um direito e funciona como uma forma de inclusão social. Ele entrou com o requerimento para a modificação nos registros acadêmicos e ainda aguarda o resultado do processo.

"É uma forma de inclusão social das pessoas trans e travestis, de garantir um direito básico, que é o nome. Se você frequenta um espaço e o nome de registro não condiz com o seu gênero, vai acabar sofrendo constrangimento. Espero que mais pessoas façam o pedido, porque é um direito", afirma.

Ativista feminista e acostumado a discutir assuntos relacionados à sexualidade, Sampaio conta que se descobriu transexual em meados de 2014. "Eu me entendia como lésbica. Nisso, conheci uma garota trans de Curitiba e conversávamos bastante. Junto com ela, fui me descobrindo", relembra.

O acreano fala que, apesar de nunca ter sofrido violência física, a realidade da pessoa trans no estado é difícil. Ele defende a necessidade do debate não apenas no âmbito universitário, mas também em outros espaços, para que a temática chegue à sociedade como um todo.

"Não temos grupos de discussão aqui no Acre, como em outros estados. Poucas pessoas sabem o que é trans. Tem gente, inclusive, que não se diz trans por não saber  o assunto. Acho que promover o diálogo nas comunidades é interessante, porque a população trans é marginalizada", ressalta.

Em relação ao preconceito, Sampaio diz que a maior dificuldade é não ser legitimado enquanto trans, uma vez que as pessoas acabam não aceitando o uso de outro nome. "Digo e as pessoas não aceitam, tendem a querer ditar quem eu sou. Esse é um tipo de violencia, porque é o silenciamento, a invisibilidade. É o problema da ignorância, de não entenderem", diz.

Como solicitar o nome social na Ufac?
De acordo com o pró-reitor de Assuntos Estudantis da Ufac, Antônio Pontes, os estudantes podem fazer o requerimento da utilização do nome social no Núcleo de Registro Acadêmico (Nurca). Feito pedido, a universidade tem o prazo de 30 dias para analisar e fazer a modificação na documentação.

Pontes explica que, feita a solicitação, todos os documentos internos da instituição passam a ser emitidos com o nome social do aluno, com exceção dos oficiais, como diploma, que só podem ser modificados mediante alteração do registro civil.

"Esse é um passo a mais para a humanização. Estamos tentando deixar a universidade mais inclusiva, que ela exerça o papel dela, que é acolher todo mundo sem preconceito, distinção de raça, cor, credo e agora de orientação sexual", finaliza.

 

http://g1.globo.com/ac/acre/noticia/2016/03/e-um-direito-diz-transexual-que-solicitou-uso-de-nome-social-na-ufac.html