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Acadêmicos da Ufac fabricam adubo orgânico

por Ascom02 publicado 18/12/2013 15h16, última modificação 18/12/2013 15h16
Produto oriundo da compostagem é opção saudável para uso na lavoura, sem provocar prejuízo ao meio ambiente

Um projeto iniciado há seis meses por acadêmicos da Universidade Federal do Acre (Ufac) já produz os primeiros quilos de adubo orgânico, resultado da experiência do aproveitamento de resíduos sólidos oriundos do Restaurante Universitário (RU) e da minhococultura, que é o uso de minhocas para fins agrícolas ou ambientais.

O projeto “Utilização de Minhocas para Reciclagem” é coordenado e orientado pelo professor Edson Guilherme e conta com a parceria da empresa Ufac Florestal Jr., criada há dois anos por universitários do curso de Engenharia Florestal. A iniciativa partiu dos alunos, como forma de aplicar os conhecimentos obtidos em sala de aula e de apresentar uma solução para a destinação correta do lixo orgânico produzido no RU.

Com uma produção de aproximadamente 1.200 refeições por dia, o RU utiliza cerca de 400 quilos de alimentos, entre os quais, carne, arroz, feijão e verduras. As sobras nas bandejas são inevitáveis e, de acordo com o nutricionista Rafael Lima de Oliveira, são separadas para o fim mais correto. Todo o lixo é dividido, entre orgânico e reciclável. “Agora também é separado o material que vai para a compostagem”, disse o nutricionista.

Ele explica que tudo possui um fim específico. O óleo é disponibilizado para profissionais que trabalham com manufatura de sabão; copos plásticos e papéis são embalados separadamente; o lixo sujo (comida que sobra das bandejas) é separado em baldes e coletado pela Prefeitura do Campus (Prefcam), que o deixa nas proximidades da horta, espaço improvisado para o projeto de pesquisa dos acadêmicos.

O projeto

As consequências geradas ao meio ambiente por causa do descarte de matéria orgânica em locais inapropriados são incalculáveis. Entre essas consequências, pode-se citar a poluição do lençol freático através do chorume, que é um líquido poluente originado de processos biológicos, químicos e físicos da decomposição de resíduos orgânicos.

Foi a partir daí que acadêmicos de Engenharia Florestal e Agronomia traçaram como objetivo estudar uma solução para o descarte correto das sobras produzidas pelo RU no campus Rio Branco. Inicialmente, nove integrantes dos referidos cursos preparam as instalações para um criatório de minhocas e pilhas de montagem para a compostagem, que consiste num conjunto de técnicas aplicadas para estimular a decomposição de materiais orgânicos por organismos heterótrofos aeróbios, com a finalidade de obter, no menor tempo possível, um material estável, rico em substâncias húmicas e nutrientes minerais.

O húmus produzido pelas minhocas é indicado para o cultivo de frutíferas, hortaliças, flores e outras plantas. O adubo orgânico tem a vantagem de ser produzido sem provocar danos ao meio ambiente, além de ser a opção mais saudável para a produção na lavoura.

Como os acadêmicos produzem o composto?

O composto é feito a partir da formação de pilhas ou leiras, com sobreposição dos resíduos orgânicos. A montagem da leira é realizada com a alternância dos diferentes tipos de resíduos em camadas, sempre acompanhados por restos de capim. Em seguida, adiciona-se uma camada de serragem e depois outra com restos de comida novamente e assim sucessivamente. O uso de esterco de qualquer animal funciona como inóculo de microrganismos, para acelerar o processo.

No campus universitário, toda grama aparada é depositada nos arredores da horta e é aproveitada pelos acadêmicos para formar a mistura, juntamente com a serragem ondulada, formando o meio de cultura para o início da decomposição dos alimentos.

Após um período de tempo, geralmente 45 dias, o composto é peneirado e levado ao recipiente onde estão as minhocas, para formação do material orgânico mais forte: o húmus. O composto formado antes de ser transformado em alimentos para as minhocas já pode ser utilizado em qualquer cultivo. A produção do húmus vem apenas como enriquecimento desse material. Exemplo: o húmus seria usado apenas três vezes por ano como adubo. Já a compostagem necessitaria ser usada por mais vezes para atingir o mesmo resultado.

O húmus nada mais é que as fezes da minhoca, enriquecido de nutrientes, dando forma a um fertilizante natural que substituiu o insumo químico na agricultura, na qual sua função é proporcionar menor compactação do solo, permitindo maior entrada de água e oxigênio para as plantas, além dos próprios nutrientes contidos nele. O húmus facilita a assimilação das plantas na captura de nutrientes. Nesse caso, as plantas conseguem responder com maior rapidez a uma adubação feita com o húmus.

Já com os primeiros quilos de húmus produzidos, a equipe, de acordo com o diretor de projetos da Ufac Florestal Jr., Lucas Monteiro, pretende continuar os esforços para expandir o projeto. “Já comprovamos que é uma solução eficaz para o RU, agora o desafio é promover o produto”, disse.

O acadêmico de Engenharia Florestal diz ter feito investimentos pessoais no projeto, mas explica que as parcerias com o Parque Zoobotânico (PZ) e as serrarias tem ajudado, com ampliação dos resultados. Segundo ele, a estrutura é improvisada, mas os resultados são reais e satisfatórios. “Aqui estamos comprovando que é possível reciclar e os resultados já são expressivos”, pondera. “O húmus é uma forma limpa de produção de alimentos que pode ser realizada em um pequeno espaço, com pouco custo e trabalho”.

Sobre a compostagem

A compostagem é o processo de transformar diferentes tipos de resíduos orgânicos em adubo. Este, ao ser utilizado, melhora as características físicas, físico-químicas e biológicas do solo. Os adubos minerais aplicados às plantas proporcionam mais vida ao solo, fazendo-o produzir por mais tempo e com mais qualidade, além de contribuir para a redução do uso de fertilizantes químicos na agricultura.

No Brasil, produzem-se 189 toneladas de lixo por dia, dos quais 76% são depositados a céu aberto, em lixões; 13% são depositados em aterros controlados; 10% em usinas de reciclagem; e 0,1% são incinerados. Do total do lixo urbano, 60% são formados por resíduos orgânicos que podem se transformar em excelentes fontes de nutrientes para as plantas.

Compostagem por minhocas

Ao passar pelo trato digestivo dos anelídeos, os resíduos orgânicos são submetidos a um processo que favorece a formação de matéria orgânica estabilizada, o adubo conhecido como húmus da minhoca ou “vermicomposto”. Para cada metro cúbico utiliza-se, pelo menos, meio litro de minhocas, volume que corresponde a cerca de mil unidades delas. A proporção seria a seguinte: para cada quilo de minhoca, cem quilos de matéria orgânica teriam que ser adicionados.

A criação de minhocas precisa ser realizada em locais com sombra e com disponibilidade de água para irrigação diária. A temperatura precisa ficar entre dez graus e 40 graus, sempre observando a sensibilidade apresentada pelas minhocas, que pode acabar interferindo diretamente na produção do húmus.

Processo químico

O lixo orgânico é rico em nitrogênio, um nutriente importante para que o processo bioquímico da compostagem ocorra, acrescido a restos de capim ou qualquer outro material rico em carbono, como palhas de milho, de banana, folhas de jardim, restos de grama etc. E, se houver disponibilidade, de esterco de animais, como boi, galinha, porco etc., que, devido à sua utilização como fonte de microrganismos decompositores, faz acelerar a formação do composto.

A proporção de carbono e nitrogênio regula a ação dos microrganismos para transformar o lixo em adubo, devendo a mistura de resíduos orgânicos ter uma relação carbono-nitrogênio inicial em torno de 30, ou seja, os microrganismos precisam de 30 partes de carbono para cada parte de nitrogênio consumida por eles.

Postado em: 18/12/2013