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Hidrelétricas e mineração foram temas de discussão na SBPC Indígena

por Ascom-01 publicado 25/07/2014 19h01, última modificação 25/07/2014 19h01

Representantes de várias comunidades indígenas da Amazônia, reunidos na 66ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em andamento na Universidade Federal do Acre (Ufac), demonstraram apreensão com a construção de hidrelétricas e a exploração de minérios na região. A preocupação foi expressa em mesa-redonda realizada na manhã desta sexta-feira, 25, na presença de pesquisadores de vários estados brasileiros.

Para Venâncio Corisepa, representante da Federação Nativa do Rio Madre de Dios (Fenamad), por exemplo, o que tem acontecido no seu país, o Peru, é que o poder público faz concessões, no que diz respeito a atividades de mineração, bem como resolve construir hidrelétricas, sem consultar as comunidades que serão diretamente afetadas pelas ações. “Os danos podem ser irreversíveis”, disse Corisepa.

Já para Ruperto Amutari, indígena boliviano do departamento de Pando, além da questão da mineração, que já se encontra destruindo o meio ambiente, principalmente os rios do seu país, causando a morte indiscriminada de espécies aquáticas, além de doenças nas populações ribeirinhas, uma das maiores preocupações atuais é no tocante à construção de hidrelétricas.

De acordo com Amutari, a grande enchente que aconteceu este ano em Pando pode ter sido reflexo da construção da Usina de Jirau, em Rondônia. “E assim, isso sendo verdadeiro, já nos deixa assustados com o que poderá acontecer quando também for construída uma hidrelétrica no nosso país, cujo convênio para tal empreendimento já está assinado com o Brasil”, explicou o representante boliviano.

Romancil Kretan, da etnia Kaingang, nativos do sul do Brasil, representante na mesa-redonda da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, fechou o ciclo de debatedores, informando que pelas leis internacionais, é obrigada a consulta das populações que serão afetadas pelas ações públicas, quaisquer que sejam os níveis. “A questão”, afirmou Romancil, “é que o nosso país simplesmente ignora a legislação”.

Romancil Kretan lembrou ainda que já aconteceram avanços nesse sentido da proteção dos direitos dos indígenas. “Antigamente, a Funai [Fundação Nacional do Índio], chegava e determinava o que devia ser feito, de forma arbitrária. Agora, pelo menos, existe uma legislação”, explicou. Quanto ao futuro, o melhor caminho para combater as distorções é a união de todas as nações indígenas. “Para combater o processo danoso só se for com a nossa união”, disse Kretan.

 

Postado em: 25/7/2014