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O que se deve esperar de um estudante universitário?

por ricardo publicado 01/04/2011 16h00, última modificação 01/04/2011 16h59
Texto do Prof. Sérgio Brazil Junior, doutor em Matemática pela UnB, professor do Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas.

 

Sérgio Brazil Júnior

 

O que se pode esperar de um aluno universitário, do ponto de vista dos saberes adquirido em sua vida escolar, seja ele da engenharia, do direito, da enfermagem ou da economia?

Acredito, e acho que quase todos os docentes devem também acreditar, que os universitários devem saber ler e escrever, mas também devem saber fazer contas. Em outras palavras, devem ser capazes de somar, subtrair, multiplicar e dividir de uma maneira eficaz.

Infelizmente, não é isso que, em nosso cotidiano, estamos observando em uma boa parte dos nossos discentes.  É comum encontrarmos alunos com “deficiências” assustadoras com relação às operações básicas. Se for com números decimais ou frações, aí sim, é “um Deus nos acuda”.

Saber manusear com números, sejam eles inteiros ou decimais, deveria ser algo como saber ler ou escrever para um aluno universitário, uma vez que o mesmo  passou aproximadamente  dez anos de sua vida convivendo com situações relacionadas. Além disso, muitos problemas no nosso dia a dia seriam resolvidos de maneira rápida, como, por exemplo, calcular uma porcentagem, ou saber quantos metros quadrados de lajotas deve ser usado na área de lazer da própria residência.

O que estaria acontecendo com esses alunos? Várias perguntas ficam no ar. Os professores do Ensino Fundamental não estariam ensinando essas operações básicas (não acredito nisso!)? Os alunos estariam confiados, pelo fato de saberem que não serão reprovados, em virtude de algumas políticas equivocadas (no meu entendimento)?  O fato de os professores não serem bem remunerados, como profissionais de outros cargos, tem a ver com isso? Talvez. A título de exemplo dessa questão salarial, é certo que hoje é melhor ser policial militar (sem desmerecer a profissão) do que ser professor.

Determinada ocasião fiquei assustado quando um aluno de um curso de Ciências Exatas, que recém havia passado no vestibular, me perguntou como somar fração. Meu Deus – pensei –, como isso é possível? Como essa criatura passou no vestibular? O vestibular realmente seleciona?

Outra situação deu-se quando um aluno de um curso de Ciências Humanas me disse: “Para que devo saber dividir, se existe a calculadora?” Muito bem - pensei eu -, de fato existe a calculadora para ajudar-nos. No entanto, não podemos simplesmente depender desse argumento e desmerecer um aprendizado que deveria fazer parte de nossa cultura.

Fato é que devemos resgatar o verdadeiro significado de ser um aluno universitário, que deve sim saber de sua área de conhecimento específico, mas também deve está “antenado” com as outras ciências, principalmente com aquelas que são imprescindíveis para o seu dia a dia.

Vamos pensar na nossa melhor idade e lutar contra o mal de Alzheimer. Vamos exercitar nosso cérebro. Vamos fazer contas sem precisar das calculadoras... Pelo menos em determinadas ocasiões...

Sérgio Brazil Junior, doutor em Matemática pela UnB, professor do Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas – CCET. (sbrazil@bol.com.br)