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Ufac comemora aniversário de 40 de federalização em abril

por Ascom02 publicado 06/04/2014 01h09, última modificação 06/04/2014 01h09

Instituída em 1974, pela Lei 6.025, com a assinatura do presidente Ernesto Geisel, a Universidade Federal do Acre (Ufac) chega aos 40 anos neste mês de abril. A história do ensino superior acreano, porém, inicia dez anos antes, em outubro de 1964, quando o presidente da Assembleia Legislativa, José Akel Fares, respondendo interinamente pelo governo do Estado, assinou a Lei nº 15, criando o curso de Direito.

Uma vez estabelecida a criação do curso de Direito, assumiu a sua direção o procurador da República Jersey de Brito Nunes, cujo primeiro desafio foi o de sensibilizar a população para acreditar na pioneira iniciativa. A primeira tentativa de realizar um vestibular foi um fracasso.  Não apareceram candidatos. O jeito foi convidar algumas autoridades locais para o papel de primeiros universitários.

Mas para que se possa estabelecer uma melhor compreensão dos reais motivos pelos quais foi criado o curso de Direito, no mesmo ano em que o Brasil passou a ser governado pelos militares, é preciso retroceder um pouco mais no tempo, até 1962, quando o Acre passou de Território Federal para Estado, na culminância de uma longa luta de parlamentares e segmentos da sociedade pela autonomia administrativa.

“Com a criação do Estado”, explicou o primeiro reitor da Ufac, professor Áulio Gélio Alves de Souza,“cresceu a necessidade de profissionais qualificados para recompor os quadros de sua administração em todas as áreas de atividades. De início, o governo optou pela contratação de profissionais de outros estados, a um alto custo, e que não resolveu o problema, pois algumas pessoas logo retornavam a seus estados”.

A alternativa a essa opção de trazer profissionais de fora do Estado foi a de mandar os acreanos se qualificarem em outras regiões do país. Mas isso também não deu certo, ainda no dizer de Áulio Gélio, uma vez que “a maioria se qualificava e não retornava”. Com isso se chegou ao entendimento que a solução para o problema da falta de mão de profissionais qualificados no Acre era a criação de cursos universitários.

Nos anos seguintes, antes da federalização, na esteira da criação do curso de direito, surgiram outros cursos, institucionalizando-se o ensino superior, com a seguinte cronologia: Faculdade de Ciências Econômicas, 1968; Centro Universitário do Acre, abrangendo além do curso de Economia, os cursos de Letras, Pedagogia, Matemática e Estudos Sociais, 1970; Universidade do Acre, reunindo todos os cursos, em 1971.

Memórias de um pioneiro

O primeiro pró-reitor de Administração da Ufac, no período de 1970 a 1983, o economista e professor de Educação Física José da Fonseca Araújo, que anteriormente havia sido deputado estadual constituinte (1963 a 1966) em matéria publicada no jornal O Rio Branco, em outubro de 2005, relatou como foram os primeiros tempos do ensino superior acreano e como se deu o engajamento dele na referida empreitada.

“Quem levou à frente a ideia de criar a universidade no Acre foi o governador Jorge Kalume. Só que opessoal de Brasília o aconselhou a criar apenas um Centro Universitário. Para dirigir a entidade foi designado o professor Áulio Gélio que, em seguida, me convidou. Eu topei, na mesma hora, e nós começamos a organizar o Centro, que começou a funcionar onde hoje é a Secretaria da Fazenda”, disse José Fonseca.

Sobre a federalização, José Fonseca explicou que o Centro Universitário funcionou até 1972, quando o governador Wanderley Dantas criou a universidade estadual. “A universidade estadual perdurou até 1974, quando era ministro da Educação o acreano Jarbas Passarinho. Então, o Áulio Gélio, o Kalume e o Geraldo Mesquita, ainda no governo do Dantinha, conseguiram criar a universidade federal”, afirmou.

Quanto à construção do campus universitário, na década de 1980, quando o prédio onde funcionava a Ufac ficou pequeno para atender à demanda dos cursos novos, o ex-pró-reitor contou que o Ministério da Educação era contra a ideia, sugerindo que a saída era o aluguel de prédios. “Mas o Áulio insistiu na ideia, conseguindo recursos no Ministério do Interior e na Suframa”, garantiu José Fonseca.

Dificuldades iniciais

A professora Joaquina Heduviges da Veiga Simão, uma catarinense (São Francisco do Sul) que migrou para o Acre em 1958, por incentivo de um colega de faculdade chamado José Augusto de Araújo (pedagogo que governaria o Acre de 1962 a 1964), veio a convite do governador Valério Magalhães, para ministrar aulas na Escola Normal Lourenço Filho, foi a primeira pró-reitora de Assuntos Comunitários da Ufac.

“Eu participei da criação dos primeiros cursos superiores na área de educação. Tudo com muita dificuldade. Mas a nossa vontade era tamanha que conseguimos superá-las. Quanto aos primeiros cursos, foi o povo quem decidiu quais seriam eles, com base no fato de que muita gente trabalhava sem a devida qualificação”, relatou a professora Joaquina em entrevista publicada no Jornal da Ufac, em outubro de 2006.

“Agora, depois de passados esses anos todos”, garantiu a ex-pró-reitora, “nós constatamos que os frutos daquele trabalho que a gente começou a realizar no início dos anos de 1970 estão aí vivos, ao nosso redor, provando que o esforço dos pioneiros não foi em vão. São incontáveis os acreanos formados ao longo desses anos pela Ufac, cujo início se deu com a criação dos quatro cursos que formaram o Centro Universitário”.

No que diz respeito ao período da ditadura militar, quando as universidades eram tidas com antros de subversão, a professora Joaquina, ao contrário dos relatos corriqueiros, afirma que “os militares até ajudavam”. Segundo a professora, “na época da criação dos primeiros cursos, tudo era muito tranquilo na universidade. Nunca senti que os militares tenham interferido na vida da universidade, não que eu me lembre”.

Conquista da sociedade acreana

No dizer do atual reitor da Ufac, pedagogo Minoru Martins Kinpara, a instituição é uma conquista extraordinária da sociedade acriana. “É a mais importante instituição pública de educação superior do estado, onde estão matriculados 39% dos discentes de graduação do Acre. Em termos comparativos, todo o sistema federal de educação superior tem apenas 15% de graduandos matriculados, conforme Censo de 2012”, explicou o reitor.

Para Minoru Kinpara, “o sonho que embalou aqueles que criaram a Faculdade de Direito, em 1964, e de um grupo maior de professores, dez anos depois, no momento da federalização, combinou-se com a imperiosa necessidade de estabelecer a educação superior no estado do Acre, de forma definitiva, mediante a existência de uma universidade, composta pelos cursos de Direito, Economia, Letras, Pedagogia, Matemática e Estudos Sociais. O legado dos professores, que iniciaram este processo, e dos oito reitorados que precederam a atual gestão superior vem gradativamente expandindo-se em diversas áreas de conhecimento, cumprindo sua missão nos campos do ensino, pesquisa e extensão da Ufac”.

Nos dias que correm, ainda no dizer de Kinpara, “enfrenta-se grandes desafios, como a necessidade de se estabelecer uma relação de confiança com a sociedade local, considerando incondicionalmente os princípios legais da administração pública. Além do mais, há o desafio premente de manter e ampliar consideravelmente o estado de relevância das pesquisas desenvolvidas. Mas nesta data de celebração, estes desafios exigem a renovação permanente dos sonhos de todos aqueles que deram início a construção desta memorável Instituição Federal da Educação Superior”.

Os cursos da Ufac na atualidade

Atualmente, a Ufac conta com aproximadamente 12 mil alunos matriculados em 45 cursos de graduação (bacharelado e licenciatura), distribuídos em dois “campi” universitários: o Campus Rio Branco, na capital, com 33 cursos, e o Campus Floresta, em Cruzeiro do Sul, com 12 cursos.

Há, também, seis cursos regulares em nível de mestrado: Ciência, Inovação e Tecnologia para a Amazônia; Ecologia e Manejo de Recursos Naturais; Produção Vegetal; Saúde Coletiva; Desenvolvimento Regional; Letras: Linguagem e Identidade. Consta, ainda, um doutorado em Produção Vegetal.

Os cursos de graduação e pós-graduação da Ufac estão agrupados conforme centros, que são órgãos acadêmico-administrativos que contemplam áreas afins.

No Campus Rio Branco, são estes os centros inicialmente constituídos e seus respectivos cursos de graduação:

Filosofia e Ciências Humanas: Jornalismo, Geografia, Filosofia, História, Ciências Sociais e Psicologia;

Ciências Jurídicas e Sociais Aplicadas: Direito e Economia;

Ciências Exatas e Tecnológicas: Matemática, Sistemas de Informação, Engenharia Elétrica e Engenharia Civil;

Ciências Biológicas e da Natureza: Biologia, Física, Química, Veterinária, Engenharia Florestal e Agronomia;

Ciências da Saúde e do Desporto: Medicina, Educação Física, Enfermagem, Saúde Coletiva e Nutrição;

Educação, Letras e Artes: Pedagogia, Letras/Português, Inglês, Francês, Espanhol, Artes Cênicas e Música.

No Campus Floresta, há dois centros.

Centro Multidisciplinar: Engenharia Florestal, Agronomia, Biologia e Enfermagem;

Centro de Educação e Letras: Pedagogia, Letras/Português, Inglês, Espanhol e Formação Docente para Indígenas.

Ensino, Pesquisa e Extensão

A Ufac destaca-se no contexto regional pelas ações de ensino, pesquisa e extensão, sintonizadas com as demandas sociais, atuando, de maneira marcante, no manejo de recursos naturais, na formação de professores de nível fundamental e médio, de profissionais de saúde, de profissionais liberais e em muitas outras áreas.

A atual infraestrutura da universidade dá suporte a várias atividades. A Ufac conta com:

• Biblioteca Central, cujo acervo chega a mais de 120 mil títulos;

• Editora própria, a Edufac, com mais de cem obras publicadas;

• Laboratório de Paleontologia, destaque internacional em descobertas paleontológicas;

• Laboratórios e auditórios de diversos cursos;

• Restaurante Universitário, que serve café da manhã, almoço e jantar à comunidade universitária;

• Centro de Convivência, com Correios, agências bancárias e restaurante popular;

• Anfiteatro Garibaldi Brasil, com capacidade para 206 pessoas;

• Teatro Universitário, com capacidade para 840 pessoas;

• Complexo esportivo, com quadras poliesportivas, salas de ginástica e piscina semiolímpica;

• Parque Zoobotânico, a maior área verde do perímetro urbano de Rio Branco, com 144 hectares;

• Unidade de Tecnologia de Alimentos, a Utal, com pesquisas que buscam inovações na área alimentícia e com laboratórios para análise de água e de alimentos;

• Colégio de Aplicação, que possui estrutura administrativa própria e que oferece ensino fundamental e médio a 545 alunos, funcionando como um campo de estágio voltado para a experimentação pedagógica.

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Por Francisco de Moura Pinheiro e Francisco Aquinei Timóteo Queirós - Ascom/Ufac

Postado em: 5/4/2014