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Fundamentos pedagógicos

por petrolitano publicado 07/11/2011 17h30, última modificação 07/11/2011 17h30
Jornal Página 20, 28.06.2001

Raimundo F. Souza


A partir do momento em que a cultura passou a ser transmitida de um indíviduo para ou outro, de um grupo para outro, dentro de uma mesma comunidade, ou de uma comunidade para outra. Houve a necessidade de se criar métodos e técnicas para que esse aprendizado fosse transmitido da melhor maneira possível. Ao longo dos tempos, foram várias as correntes de pensamento, ou melhor, as linhas pedagógicas que influenciaram as formas de repassar os conhecimentos para os seres humanos. Obedecendo a essas linhas de pensamentos: as concepções, estrutura e organização do ensino sofreram alterações na filosofia e operacionalização do aprendizado.

Atualmente, no Brasil, estudiosos e autoridades estão preocupados com o sistema de avaliação vigente, chegando a afirmar que no país não temos um sistema de ensino, mas um sistema de exames. Segundo o ponto de vista desses críticos, a concepção de ensino, aprendizado, a visão de mundo, de pessoa e conseqüentemente a visão de educação, bem como, a didática, a metodologia e técnicas, ferramentas de ensino - quadro de giz, retro projetor, computador, vídeo, plano de aulas etc. - , estão todos projetados, direcionados e convergindo para a formulação das perguntas e elaboração das provas. Esses estudiosos defendem que, esses componentes também são importantes, no entanto, não poderão se transformar em programa central do ensino-aprendizado, pois não se constituem focos centrais do ensino. São questões externas ao aluno e ao professor.

Causando impactos diferenciados nos ensino especial, pré-escolar, ensino médio, fundamental e principalmente no ensino superior, as concepções pedagógicas de autores como Piaget, Freiner, Emilia Ferreiro, Montesori, Carl Roger, Paulo Freire, Dom Bosco entre outros, criaram seguidores e instituíram escolas teóricas que jamais poderão ser ignoradas no estudo das correntes que influenciaram e influenciam educadores em todos os tempos.

Na escola tradicional de ensino e aprendizado, que influenciou a forma do ensinamento de crianças até o século passado, caracterizou-se pelos princípios de que o aprendizado se fundamenta exclusivamente na memória da criança, o ensino se caracteriza como transmissão, ou seja, aprende-se na medida que se recebe o conteúdo; o processo da aprendizagem acontece dependendo inteiramente do professor que é o principal agente – que motiva, que expõe, que explica, que pergunta e que responde, em outras palavras, a criança é quadro limpo que se escreve, ou melhor, se grava nele o que se quer. Dessa forma, o ensino se fundamenta na repetição, os conteúdos devem ser repetidos, massificados, pois é repetindo que se aprende, e nessa visão, a criança é considerada um adulto em miniatura, ou um adulto de segunda categoria.

Na escola Skinneriana, o ensino acontece de acordo com técnicas e/ou experiências que analisam o comportamento. O aluno aprende ou adquiri novas formas de comportamentos que facilitam aprendizado, ou melhor, o ensino acontece na seqüência de estímulos e respostas. A característica básica dessa proposta se relaciona com a avaliação que deve ser contínua e sistemática, a fim de que se detecte o caminho a ser percorrido, seja pelo aluno, seja pelo professor. A análise imediata dos resultados se configura em necessidade básica da proposta, com a finalidade de alimentar e/ou refazer a programação.

Segundo a teoria de Skinner, naturalmente, o homem “foge” dos perigos, situações ou circunstâncias que causam sofrimento ou desconforto e, facilmente são atraídos pelas situações e circunstâncias confortáveis que não oferecem qualquer risco, ou seja, vive constantemente buscando condições de liberdade. Dessa forma, o processo da aprendizagem, deve se utilizar dessa capacidade intrínseca do homem de “dirigir se próprio destino”.

Na escola Rogeriana, a proposta se caracteriza na relação do aluno com processo de aprendizagem, sua liberdade e sua determinação, tendo em vista, que o ser humano é capaz de se autodirigir. Segundo essa proposta de Rogers, o professor não é capaz de ensinar o aluno. O professor deve funcionar como uma espécie de facilitador e/ou orientador, simplesmente despertando as aptidões e levando-o a conhecer experiências e conhecimentos que lhe ofereça embasamento para descobrir e apreender o que lhe interessa.

Desse modo, deve ser colocado à disposição do aluno todo material didático – livros, gabinetes, equipamentos, condições para experimentos etc. e o professor deverá ficar totalmente à disposição para tirar dúvidas. A responsabilidade pelo aprendizado cabe ao aluno, pois somente ele saberá da significação para ele próprio. O sistema de instrução, portanto, deve organizar-se a partir de levantamento de necessidades, análise de coerções dos sistemas educacional e social e estudo dos recursos disponíveis.

A pedagogia de Paulo Freire, não se trata especificamente de uma proposta de método ou técnica de ensino, mais sim, na preocupação de conscientização, elevação social e na transformação dos indivíduos para consecução da sua humanização. A fundamentação dessa pedagogia se encontra na análise da sociedade de classe, visto que, as classes sociais são antagônicas e os interesses são diferenciados. O opressor não tem nada a ensinar e ao oprimido cabe construir sua humanização que foi retirada.

Esse processo acontece, abrindo-se espaço e dando condições para que os oprimidos possam externar os valores de humanização, dentro de um clima espontâneo e através da reflexão e diálogo em torno da realidade vivida, buscando despertar a consciência de classe. A proposição básica dessa proposta consiste em superar a educação a serviço da opressão, ou da educação denominada de “bancária”, oferecendo uma educação libertadora (questionadora) em que o homem é desafiado a conquistar a sua libertação, sua posição no mundo e não continuar alienado e a serviço dos poderosos.