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Implantação da faculdade de Medicina no Estado tem seus prós e contras

por petrolitano publicado 27/10/2011 10h12, última modificação 27/10/2011 10h12
Jornal O Rio Branco, 21.03.2001

Até agora mais criticada que festejada, a implantação da faculdade de Medicina no Acre, na opinião de uma parcela de médicos, professores e alunos da Ufac, tem lá seus méritos, mas também os seus questionamentos. Um dos questionamentos mais freqüentes é quanto à manutenção financeira e da qualidade da faculdade, que tem como principal investidor o Estado.

Sem a continuidade desses pré-requisitos a faculdade estará fadada ao fracasso precoce. Além dos itens citados há outra preocupação: professores. Um dos itens que vem atormentando a quase todos os departamentos de cursos da Ufac, principalmente o de Enfermagem, que chega a atrasar semestres por falta de professores efetivos. Para quem não sabe, a contratação de professores para as universidades federais são feitas somente através de concurso público. Portanto, um assunto a ser pensado e solucionado.

Embora seus idealizadores não comentem (senador Tião Viana e governador Jorge Viana) algumas barreiras para que a faculdade chegue lá ainda devem ser superadas, como a necessária aprovação do Ministério da Educação e Cultura (MEC), a qual, sem o devido aval, não funcionará. Além de correr contra o tempo já que para cumprir o apertado calendário de vestibular previsto para o meio do ano devem estar até o final de 2001 prontos laboratórios, comprados equipamentos e a contratação de professores.

Obedecendo a um projeto político, o Governo do Estado debate sobre a implantação da faculdade que se restringiu a um pequeno grupo, deixando uma grande massa de pessoas ligadas de fora, o que faz com que boas idéias e questionamentos coerentes passem desapercebidas. Porém, à revelia das decisões do Governo do Estado a correntes de pensamentos diversas que são válidas e deveriam ser observadas.

Pontos fracos

 

Uma das observações apontadas é pelo professor do departamento de Ciências e Saúde da Ufac, Pascoal Torres Muniz, doutor em Saúde Pública, que dá aulas no curso de Enfermagem, defende o projeto, mas tem suas ressalvas em relação a sua estruturação.

"Acho elogiável o projeto, mas um dos pontos que me preocupa é quanto aos professores. Temos sérios problemas com professores em outros departamentos, como o de Enfermagem por exemplo, porque não temos concurso público. E isso todo mundo sabe que depende única e exclusivamente do Governo Federal, mais especificamente do MEC, que ultimamente vem cortando verbas em vez de investir nas universidades", observa o professor.

Na qualidade de professor do departamento e interessado em como será equacionado o assunto, Pascoal Muniz enviou ofício ao reitor Jonas Filho questionando sobre o assunto. A resposta ainda não foi dada.

Além de se preocupar com essa questão, Muniz defende que o governo também invista em pesquisa voltadas a auto-sustentabilidade já que é essa é a política econômica do Estado. "O importante era que o governo não se voltasse somente para o curso de medicina mas também para outras áreas de pesquisa, caso contrários o projeto do governo ficará comprometido". Pascoal sugere que fosse criado um instituto de pesquisa onde se geraria além de empregos, pesquisas e renda, abrangendo outras áreas como biologia, farmácia, química entre outras co-irmãs da medicina.

Preocupações parecidas com a do professor Pascoal Muniz é também defendida pelo médico ginecologista Nuno Miranda, que mostra apreensivo principalmente com a continuidade dos investimentos necessários a continuidade da faculdade de medicina.

"A criação de uma faculdade de medicina no Estado é um avanço, mas vejo com preocupação sua manutenção por obedecer a um projeto político para 2002. Vamos lá que o atual governo perde com é que fica os investimentos? O importante é que se viabilize a faculdade pelo eixo federal e não estadual financeiramente para que dê certo o projeto. Caso ao contrário o risco é grande", afirma o médico.

Olhos otimistas

Na visão do médico infectologista Eduardo Farias, a faculdade de Medicina é muito bem vinda, além de ser um grande avanço para as pesquisas que poderão ser desenvolvidas no Acre. Na opinião de Eduardo, a vantagem da implantação da faculdade de Medicina no Acre está em ela poder realizar pesquisas no campo local, podendo lidar com a realidade da região. Sua implantação também pode abrir portas para a implantação de outras universidades como Odontologia, Veterinária, Farmácia entre outras, assim como beneficiar o próprio curso de Enfermagem que poderá usar os laboratórios e equipamentos que estão sendo estruturados.

Quanto às preocupações financeiras, Eduardo é otimista quanto ao fator. "O importante é que foi dado o primeiro passo. A faculdade de Medicina, acima de tudo, é uma conquista, um patrimônio do povo acreano. O governo está fazendo a sua parte e cabe aos outros governos também darem continuidade a esse projeto de importância para a população. As portas para o Ministério da Saúde e MEC estão abertas basta agora dar continuidade", diz o médico.