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Orquestra de Câmera Universitária apresenta 5ª Sinfonia de Beethoven
Na próxima segunda-feira, 28, o Coro e Orquestra de Câmara Universitária apresentam a 5ª Sinfonia de Beethoven e trechos da Missa em Si Menor de Bach, em Concerto no Anfiteatro Garibaldi Brasil, às 20h.
A orquestra desenvolve intenso trabalho de estudo do repertório sinfônico visando sua popularização e aprimoramento. É uma iniciativa de ação continuada ligada a Pró-reitoria de Extensão e Cultura e a Reitoria objetivando estabelecer uma orquestra permanente no Acre.
Direção Artística e Condução Musical
Romualdo Silva Medeiros (Recife/PE, 1966) é professor do Curso de Música da UFAC desde sua criação (2006). Estudou Direção de Orquestra com os Maestros Osman Gioia (UFPE) e Osvaldo Ferreira (Portugal). Criou e dirigiu a Orquestra Filarmônica do Acre (ONG MUSICALIZAR) de 1998 até 2010 sendo este o primeiro grupo a fazer música sinfônica em toda história da música do Acre. Ministra as disciplinas de Regência, Violão e Pratica de Conjunto. Coordenador do PIBID (CAPES) na área de Música, onde desenvolve projeto para criação de corais escolares. Coordena a Orquestra de Câmara da UFAC, o Coro de Câmara e a Orquestra de violões. Todos estes projetos ligados a PROEX e ao Curso de Música.
A Obra
A Quinta Sinfonia logo, após sua estreia, começou rapidamente a ganhar um estatuto quase mítico. Numa muito influente recensão crítica publicada logo em 1810, E. T. A. Hoffmann descrevia o modo como a obra “nos revela o reino do extraordinário e do incomensurável”, como “movimenta a alavanca do terror, do medo, do pavor, da dor, e desperta aquela infinita saudade que é a essência do Romantismo”, e como mesmo nos momentos a seguir ao fim da performance o “ouvinte sensível não conseguirá ainda sair do maravilhoso reino espiritual, onde foi circundado pelo prazer e pela dor sob a forma de sons”.
O primeiro andamento baseia-se no motivo inicial de quatro notas – talvez o fragmento musical mais conhecido de toda a história da música. Muitas foram as interpretações suscitadas por este motivo, em especial no século XIX: desde as pancadas que o Destino bate à porta, às trombetas do Dia do Juízo, ou até o canto de um pássaro que Beethoven teria ouvido num dos seus frequentes passeios pelo Prater, um jardim público em Viena. Por outras palavras, é a extraordinária elaboração da ideia inicial – e não tanto a ideia em si – que faz a força tão singular deste andamento. Quanto ao carácter expressivo, é geralmente agitado, turbulento, com momentos de “fúria selvagem” (no dizer de George Grove) ou de “delírio frenético” (no de Berlioz), embora também se ouça um tema mais lírico e delicado.
Se o primeiro andamento é dramático, o segundo é lírico. É, assim, tranquilo e doce o tema inicial – apresentado nas violas e violoncelos, com discreto acompanhamento dos contrabaixos, em pizzicato. Este tema regressa várias vezes ao longo da obra, cada vez mais elaborado. Fazendo-lhe contraste, ouvimos um outro tema nos sopros, com carácter triunfal, vitorioso. Apesar de mais intenso que o tema anterior, não representa de forma alguma um regresso ao ambiente do primeiro andamento, pois o seu sentido é eminentemente positivo, não angustiado e turbulento.
O terceiro andamento retorna a um ambiente mais sombrio, mas agora com um toque de mistério, dado em especial pelo tema inicial, interrogador, nas cordas graves. A parte central é vigorosa e algo humorística, pelo efeito dos contrabaixos a tocarem notas muito rápidas, que Berlioz comparou às traquinices de um elefante radiante, aos saltos! O mais notável, contudo, é o modo como a parte final se liga, sem qualquer interrupção, ao quarto andamento. Num efeito orquestral sem precedentes, a música cresce gradualmente até explodir num tema glorioso, triunfal e luminosíssimo, tocado por toda a orquestra (incluindo flautim, trombones e contrafagote, que até aqui não tinham tocado). A música completa assim uma trajetória das trevas até a luz. Para muitos, é essa, no essencial, a história da Quinta Sinfonia de Beethoven.
Com informações da Fabiana Nogueira Chaves - Proex / Daniel Moreira, 2016 (Casa da Musica/Portugal)