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Projeto aborda plantas alimentícias junto a indígenas
Uma parceria da Universidade Federal do Acre (Ufac) levou a indígenas da Terra Indígena Poyanawa, no município de Mâncio Lima, novas alternativas a receitas tradicionais a base de vegetais. A atividade integra uma das etapas do projeto Etnoconhecimento, Agrobiodiversidade e Serviços Ecossistêmicos entre os Puyanawa, executado desde setembro de 2017 pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária do Acre (Embrapa-AC).
Na etapa da ação desenvolvida pela Ufac, neste mês ocorreu uma palestra sobre manejo de roçados e diversidade de uso, com foco nas plantas alimentícias não convencionais (Pancs), com a professora Almecina Balbino, além da realização de uma oficina culinária, com a professora do curso de Nutrição Eline Messias. Pelo menos 43 jovens indígenas da Escola Estadual Ixubay Rabui Puyanawa participaram das atividades.
“Na verdade, nosso primeiro passo foi fazer um levantamento nos roçados e quintais para saber quais Pancs eles [os Puyanawa] já tinham a sua disposição e, a partir daí, fizemos uma seleção incluindo folhosas, raízes e tubérculos, além de algumas frutas não convencionais para serem aproveitadas”, explicou Almecina.
A docente disse que, como resultado da atividade, a ideia é, também, montar um inventário com a caracterização da biodiversidade, visando às Pancs. “A partir dos relatos de Pancs que já existiram na área, nós também estamos fazendo a propagação de algumas espécies na horta escolar já mantida pela comunidade”, completou.
Orelha de anta, major gomes, beldroega, bertalha, folhas de jambo e espinafre da Amazônia são algumas das espécies ricas em nutrientes, como vitamina C, proteína E e ômega 3, apontados pelos pesquisadores para auxiliar na nutrição da comunidade. Além das Pancs identificadas na área, a oficina culinária abordou o aproveitamento integral de alimentos, como banana e mandioca, visando ao fortalecimento cultural e o não desperdício.
“A ideia do nosso trabalho, ao unir agricultura e nutrição, é promover a retomada de um hábito alimentar próprio ao povo, fortalecer também a cultura local e promover saúde, pois, pela aproximação com a cultura não indígena, já se observa na aldeia o crescimento de doenças como diabetes, hipertensão, desnutrição e câncer”, esclareceu Eline Messias.
O projeto tem como objetivo promoção e valorização do etnoconhecimento e das práticas ligadas aos recursos naturais e à agrobiodiversidade, através de ações de intercâmbio e troca de saberes e da promoção da sustentabilidade de seus sistemas. O projeto tem duração programada até agosto de 2020 e coordenação do pesquisador Moacir Haverroth (Embrapa-AC).