O epidemiologista Jesem Orellana, chefe do Laboratório de Modelagem em Estatística, Geoprocessamento e Epidemiologia (LEGEPI), da Fiocruz Amazônia, ministrou a Aula Inaugural do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSC) da Universidade Federal do Acre (UFAC), o qual abriga o primeiro mestrado acadêmico em Saúde Coletiva da Região Norte, aprovado em 2008 pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), do Ministério da Educação.
Atualmente, o PPGSC da UFAC é o único programa com mestrado e doutorado na modalidade acadêmico da região Norte. Na manhã do dia 18 de abril, a Aula Magna abordou o tema “Feminicídio no Brasil: a construção de um projeto multicêntrico”. A programação de abertura do ano letivo se estendeu para o turno vespertino, com a palestra “Desafios das arboviroses na Amazônia: o papel da Saúde Coletiva”, também ministrada por Orellana. As atividades vespertinas foram finalizadas com uma descontraída roda de conversa, abordando o tema “Produção do conhecimento na Amazônia: lacunas e oportunidades na Pós-Graduação em Saúde Coletiva”, moderada pelo professor doutor Alanderson Alves Ramalho, docente permanente do PPGSC da UFAC, e pelo epidemiologista Jesem Orellana.
De acordo com a coordenadora do PPGSC, Andréia Moreira de Andrade, a intuito de realizar uma aula inaugural com um convidado de outro Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva foi simbólico. “A intenção é sempre motivar e oferecer aos ingressantes uma visão externa do processo formativo, e a atividade cumpriu com esse propósito de uma forma agradável e exitosa. Foi um momento rico de troca, motivação, de despertar crítico com responsabilidade social. Esperamos manter uma relação de fortalecimento do Norte com o Norte”, avalia Andreia.
Para Jesem Orellana, a participação foi oportuna e bastante produtiva pela possibilidade de intercâmbio de conhecimentos e de dar início às tratativas para levar ao Estado do Acre a proposta de implantação de um observatório do feminicídio em Rio Branco, tal como já existe em Manaus (AM) e Porto Velho (RO), ampliando assim a intenção de formação de uma rede de monitoramento da violência contra as mulheres na Região Norte.
“Fortalecer essa iniciativa de criação de observatórios do feminicídio é uma das atividades do Programa Institucional de Articulação Intersetorial Violência e Saúde (PI-AIVS) da Fiocruz, que apoia a realização de oficinas e seminários para discussão acerca do tema, reunindo os diversos atores da sociedade envolvidos com a questão da violência e saúde”, destaca Orellana.
O pesquisador entende que iniciativas como esta precisam ser valorizadas, cultivadas e multiplicadas, uma vez que o fortalecimento da Saúde Coletiva na Amazônia brasileira é estratégico não apenas de um ponto de vista técnico-científico, mas também para a consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS), constantemente desafiado por doenças endêmico-epidêmicas, por doenças emergentes e, mais recentemente, pelos impactos negativos da crise climática, especialmente sobre os mais vulneráveis.
Orellana está confiante com o estreitamento de laços entre o LEGEPI e o PPGSC da UFAC, pois entende que o protagonismo de atores da região amazônica é crucial para o efetivo gerenciamento dos desafiadores problemas sanitários do Norte do país, o que inclui sua vasta franja fronteiriça internacional.
SOBRE O PROGRAMA
O Programa Institucional de Articulação Intersetorial Violência e Saúde (PI) foi constituído por meio da Portaria 260/2017 da presidência da Fundação Oswaldo Cruz, em fevereiro de 2017. É coordenado pelo Departamento de Estudos de Violência e Saúde Jorge Careli (CLAVES) e vem atuando através de um grupo de trabalho (GT) que reúne participantes de diversas unidades da Fundação, a partir de um plano de trabalho debatido e aprovado anualmente.
O objetivo geral do PI é ampliar e articular a reflexão e as ações sobre violência e saúde entre as diversas unidades da Fiocruz. São seus objetivos específicos: debater o tema internamente à Fiocruz; ampliar a compreensão da relação entre a violência e a saúde através de sua análise pela lógica da determinação social da saúde, dos processos de desenvolvimento econômico e dos conflitos territoriais e ambientais; mapear as demandas, ações e pautas das diferentes unidades, a fim de formar uma rede de atuação, agregando experiências de pesquisa, ensino, ação, assistência e advocacy; e dar subsidio à definição de posicionamentos institucionais acerca de temas chave aos quais a Fiocruz é chamada a se pronunciar.
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